Os meios artísticos e culturais da Paraíba amanheceram de luto com a notícia da morte, em João Pessoa, aos 69 anos de idade, vítima de câncer, do pintor, escultor e cenógrafo José Crisólogo da Costa. Natural de Picuí, na região do curimataú paraibano, autodidata, foi como escultor que Crisólogo mais se destacou, tendo obtido premiações em Salões de Artes, um deles de âmbito nacional, no Rio de Janeiro, outro de caráter regional, em Pernambuco. Desde 1964 era radicado em João Pessoa e também era músico, o que o levou a ser retratado, em redes sociais, por amigos e admiradores como “um artista múltiplo, polivalente”.
Como músico, tocava contrabaixo em antigos conjuntos que se formaram na Capital paraibana nas décadas de 1960 e 1970. Como cenógrafo, projetou ambientes que serviram de palco para desfiles memoráveis em João Pessoa. Integrou o Clube da Gravura, entidade sem fins lucrativos que congregava outros artistas e intelectuais paraibanos de renome. Sua arte retratava a saga do povo sertanejo para vencer as adversidades climáticas e dificuldades de toda ordem. Tiveram grande repercussão suas pinturas que integraram a Série Bovina, focalizando a figura do boi como vértice da civilização do couro, muito comum à paisagem dos sertões nordestinos, castigados por períodos alternados de secas inclementes.
José Crisólogo desenhou a história da gravura na Paraíba juntamente com outros profissionais renomados. Inicialmente pintava em telas, mas ultimamente optou pela exposição nas ruas, a céu aberto. O jornalista Sílvio Osias, crítico de artes e cultura do “Jornal da Paraíba” online, destacou, em comentário, a grandiosidade da obra de Crisólogo e também a sua sensibilidade, o que tornava a sua arte um pacto de compromisso com o sentido da mudança.