O presidente Jair Bolsonaro lança hoje, em Brasília, o seu novo partido, Aliança pelo Brasil, com a promessa de que a agremiação terá mecanismos para coibir as candidaturas “laranjas”. O uso de candidatas femininas de fachada no PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, é alvo de investigação da Polícia Federal e afeta diretamente o governo. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, foi denunciado por supostamente ter desviado dinheiro do fundo eleitoral destinado às mulheres para abastecer a sua própria campanha.
De acordo com a advogada Karina Kufa, o texto final do estatuto do Aliança pelo Brasil foi fechado ontem e estabelece a criação de um canal de denúncias sobre irregularidades acerca das candidaturas femininas. “Em relação à mulher, a gente pretende fazer cursos, eventos, para formação política feminina. Realmente, incentivar essa pauta, e também criar um canal de denúncias para evitar qualquer irregularidade, inclusive, irregularidades relacionadas a candidaturas laranjas”, declarou a advogada ao deixar o Palácio do Planalto.
O estatuto da legenda, segundo a advogada, defenderá a transparência das ontas da legenda e terá um capítulo à parte apenas para tratar de regras de “compliance”. Bolsonaro e parlamentares envolvidos na criação do Aliança acusam o presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) de não dar transparência ao uso de recursos da sigla e, por isso, justificam a saída da legenda que os elegeu. O texto do estatuto e o grupo de quinze pessoas que vão compor a direção do Aliança serão apresentados hoje em um hotel em Brasília, com discurso do presidente. Ainda não está confirmado se Bolsonaro assumirá de fato a direção do partido ou se passará a função ao seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. Questionado, o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que Bolsonaro avalia a conveniência de acumular as funções executiva e partidária. “Ele está disposto a liderar o partido, não necessariamente como presidente”, enfatizou.