O Conselho de Ética do PSL começou a analisar, nas últimas horas, os processos contra deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que acusam o partido de perseguição. Parlamentares como Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ), Filipe Barros (PR), Junio Amaral (MG) e Daniel Silveira (RJ) leram comunicado a jornalistas, ontem à tarde, na Câmara, em que afirmam estar sofrendo “perseguição política indevida”. No texto, lido pelo líder do governo na Câmara, Major Vítor Hugo (GO), afirmam: “Ousamos pedir transparência, o que nos foi negado e, a partir desse pleito justo, passamos a sofrer perseguições, constrangimentos, insultos e ameaças”.
Um exemplo citado foi o fato de dissidentes terem sido excluídos, pela liderança anterior do PSL, de todas as comissões temáticas da Câmara. No meio da crise partidária, o então líder do PSL, Delegado Waldir (GO), retirou dissidentes de comissões na Casa. Não há prazo para que o PSL analise se punirá ou não o grupo dissidente que pretende migrar para o novo partido de Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil, após sua criação. O presidente do PSL, Luciano Bivar, afirmou que o colegiado começa a se reunir nest semana para ouvir as defesas dos parlamentares e que as punições podem variar entre advertência e expulsão. O partido alega que os deputados desrespeitaram o estatuto e ofenderam o PSL.
De acordo com Vítor Hugo, os deputados processados somam 21, numa bancada de 53 parlamentares do PSL na Câmara. Eles afirmaram que a maioria dos deputados decidiu não comparecer pessoalmente à reunião do conselho e que um grupo de advogados fará a defesa conjunta deles. “Não existe possibilidade jurídica de desfiliar do partido; isso vai ser feito a partir da criação da Aliança e uma representação judicial para possibilitar nossa saída sem perda do mandato”, afirmou Vítor Hugo. A tese de perseguição política será igualmente utilizada para justificar uma ação jurídica para não deixar o mandato. Os deputados da ala bolsonarista devem participar da convenção do novo partido, que acontece hoje.
O PSL enfrenta uma crise que começou com um racha entre o presidente Jair Bolsonaro e Luciano Bivar, depois que Bolsonaro afirmou a um apoiador que o partido estava “queimado para caramba”. A fala aprofundou divergências e levou à formação de dois grupos no partido, os que se aliaram a Bivar e os que se aproximaram de Bolsonaro. A situação se agravou com uma disputa pela liderança do partido na Câmara, que, na época, estava com o bivarista Delegado Waldir. Deputados da ala ligada ao presidente conseguiram revertê-la para Eduardo Bolsonaro (SP). O quadro se tornou insustentável e Bolsonaro anunciou sua saída do PSL, partido ao qual se filiou para disputar a eleição de 2018 e que criaria sua própria sigla, batizada de Aliança pelo Brasil. Para viabilizar a nova legenda, são necessárias 491.967 assinaturas em pelo menos nove Estados, todas validadas pela Justiça Eleitoral.