Causou comoção em diferentes círculos sociais do Brasil a notícia da morte do rabino Henry Sobel, hoje, aos 75 anos, em Miami, Estados Unidos, em decorrência de um câncer. Ele será enterrado domingo em Nova Jersey. Sobel teve importante papel na denúncia de violações de direitos humanos por ocasião da ditadura militar (1964-1885) que perdurou no Brasil. Participou, juntamente com o arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, de um culto ecumênico pela morte do jornalista Vladimir Herzog, que foi assassinado nos porões do DOI-CODI. Ivo Herzog, filho de Vladimir, lamentou a morte de Sobel e disse que ele teve importante papel no esclarecimento da morte do seu pai em 1975.
Em uma mensagem no Facebook do Instituto Vladimir Herzog, Ivo considerou Sobel “um dos grandes heróis” do período, sendo um dos protagonistas que abriram caminho para o fim da ditadura no Brasil. “Henry Sobel foi a primeira pessoa, representando uma instituição, que denunciou o assassinato do meu pai, poucas horas depois do ocorrido. Junto com dom Paulo Evaristo Arns e James Wright, corajosamente, promoveu e esteve presente no ato ecumênico em memória de meu pai na Catedral da Sé”, diz o texto. E mais: “Quebrando protocolos do judaísmo, enfrentando resistência dentro da comunidade judaica, foi um dos protagonistas a abrir caminho para o fim da ditadura no Brasil”.
Sobel ficou conhecido ao rejeitar a versão oficial e se negar a enterrar o jornalista Vladimir Herzog na ala reservada aos suicidas, no cemitério israelita. Ele autorizou que o ex-diretor da TV Cultura de São Paulo fosse sepultado no cemitério israelita do Butantã, com direito a todos os ritos judaicos. De fato, Herzog morreu após sofrer tortura no DOI-Codi, braço da repressão militar. O próprio Sobel ajudou a esclarecer as condições da morte do jornalista. O presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM) lembrou que Sobel era radicado há mais de 40 anos no Brasil.