Em entrevista às páginas amarelas da revista “Veja”, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifesta a confiança em que o líder petista recupere os direitos políticos dele e possa ser candidato ao Palácio do Planalto novamente. “A nossa luta é para provar a inocência do ex-presidente Lula”, ressalta o advogado, reiterando críticas ao ex-juiz Sérgio Moro, ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, que decretou a prisão de Lula, e informando que estuda lançar uma vaquinha virtual para que Lula possa bancar os custos judiciais das batalhas que ainda terá pela frente.
Ao ser indagado como pretende garantir que seu cliente dispute eleições, Cristiano Zanin observou: “Nós esperamos poder dar a ele essa opção, mas não temos como garantir. O que podemos é trabalhar com vistas à anulação de todo o processo e isso poderia restabelecer os seus direitos políticos”. À pergunta sobre quem paga a defesa de Lula, Zanin respondeu: “Ele sempre bancou seus advogados, mas o bloqueio de seus bens há um ano causou um prejuízo relevante à sua defesa. Isso nós colocamos formalmente nas peças dos processos, mas temos o dever ético de não entrar em detalhes. Avaliamos a possibilidade de abrir um crowfunding. Não há definição sobre meta de arrecadação, mas se a Justiça não liberar os recursos, vemos essa alternativa como a única para fazer frente aos custos da defesa diante dos passos relevantes que ainda estão pela frente”.
De acordo com a revista “Veja”, mais de 16 milhões de reais do patrimônio do ex-presidente Lula da Silva estão bloqueados pela Justiça. Zanin salientou que parte substancial do patrimônio de Lula provém de palestras “licitamente realizadas pelo ex-presidente” e nem de longe chega a quantias que muitas vezes são indicadas nos processos. O advogado considera absurda a alegação do Ministério Público Federal de que as palestras atribuídas ao ex-presidente são fraudulentas. “Esse é um dos grandes absurdos que mostram a linha tendenciosa contra Lula. Nós provamos que as palestras foram feitas. A maior parte delas nem sequer foi para empreiteiras envolvidas na Lava-Jato. Essa investigação tem mais de três anos e o MP jamais conseguiu apontar ilicitude alguma. Essas palestras ocorreram quando Lula já havia deixado o cargo de presidente, o que é bem diferente da situação do procurador Deltan Dallagnol, que realiza palestras exercendo os cargos de procurador da República e de chefe da força-tarefa”.
Ao ser indagado por que o seu cliente recusou a progressão para o regime semiaberto, que poderia tê-lo tirado antes da cadeia, Cristiano Zanin explicou: “O ex-presidente disse sempre que não aceitaria barganhar a sua liberdade, e isso ele não fez. Ele saiu com a sua presunção de inocência reconhecida. O STF entendeu que vale o que está previsto na Constituição: “Ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. O advogado disse que “a verdade histórica está chegando muito rapidamente” e citou que livros como o do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, inocentando Lula, têm contribuição importante para elucidar os fatos. A respeito de depoimentos do ex-ministro Antônio Palocci, Cristiano Zanin ressaltou que ele mentiu em suas afirmações e que a Lava-Jato vai deixar um legado negativo, com muitas violações às garantias fundamentais e aos direitos humanos. “A Constituição foi claramente derespeitada”, finalizou.