Nonato Guedes
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR foi reeleita com 71,5% dos votos em eleição indireta de filiados do PT para mais quatro anos na presidência do Partido dos Trabalhadores. Ela teve a bênção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal e que se mantém como a principal liderança petista, tido como o grande cabo eleitoral no pleito de prefeito em 2020 em várias Capitais brasileiras. Ao avaliar as prioridades do partido, Gleisi Hoffmann reconheceu que é preciso fortalecer a comunicação digital, para se contrapor à atuação das forças de direita, que se utilizam das redes sociais.
Segundo Gleisi, a comunicação do PT “está aquém daquilo que nós precisamos. A direita está na nossa frente. Precisamos nos armas nas redes sociais, organizá-las, juntá-las, potencializar os nossos canais”, exortou a ex-senadora, que nas eleições de 2018 preferiu se candidatar a um mandato na Câmara Federal para se manter em evidência. O resultado do Sétimo Congresso Nacional do PT em São Paulo foi anunciado ontem e já era esperado. A principal corrente do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil), da qual Gleisi faz parte, tinha a maioria dos quase 800 delegados eleitos previamente para deliberar sobre o comando da sigla.
O congresso igualmente apresentou uma resolução final que guiará a atuação do partido nos próximos anos. O documento é basicamente a tese já defendida pela CNB, mas com uma emenda que avaliza a possibilidade de o partido pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caso enxergue condições para isso. “A partir da evolução das condições sociais e percepção pública sobre o caráter do governo, da correlação de forças, a direção nacional do partido, atualizando a tática para enfrentar o projeto do governo Bolsonaro, poderá vir a exigir a sua saída”, diz o trecho. Correntes à esquerda no partido chegaram a propor que o PT adotasse o “fora, Bolsonaro” mas foram derrotadas pela maioria dos delegados.
De acordo com membros da CNB, hoje não há crime de responsabilidade praticado por Bolsonaro nem mobilização popular ou maioria no Congresso capaz de sustentar um impeachment. O texto final, no entanto, como uma concessão às outras correntes, coloca essa hipótese no horizonte em vez de descartá-la. “A possibilidade sempre tem. O presidente comete uma série de impropriedades, sua família está sendo investigada, então há possibilidade de se configurar um crime de responsabilidade, como diz a Constituição”, afirmou Gleisi à imprensa. A tese da CNB defende que o partido ajude a consolidar a unidade das esquerdas ao mesmo tempo em que busque o centro para aliança ampla em prol do Estado de Direito e outras causas convergentes. “A luta pela liberdade de Lula, crucial para a recuperação da plena democracia no país, exigiu a máxima amplitude social e política”, destaca o texto. Gleisi admite que o partido possa buscar setores do centro para a defesa de pautas específicas, ainda que se oponha à política econômica defendida por esses partidos. Ao encerrar o congresso, Hoffmann afirmou que o partido “quer Lula presidente da República novamente”.