O nome do apresentador da TV Globo Luciano Huck está em alta nas cogitações preliminares para a eleição presidencial de 2022, mesmo concorrendo na preferência de forças do centro e “direita civilizada” com o governador de São Paulo, João Doria. É o que revela a colunista Dora Kramer, em seu blog na revista “Veja”, observando que as forças de centro já se movem nos preparativos da alternativa aos extremos (Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva) em 2022. “O processo – afirma Dora – corre mais ou menos em segredo de política, a fim de não queimar etapas nem atrair atritos desnecessários, mas o objetivo está definido: afastar o PT da jogada e conquistar o lugar de antagonista de Bolsonaro na canoa de quem a maioria desse pessoal embarcou por conveniência em 2018 e de quem se distancia desde o início do governo tido como “tosco” e, por isso mesmo, fator que facilita a aglutinação do centro”.
De acordo com a colunista, em público, os artífices da construção daquilo que já esteve em moda chamar de terceira via dizem que é cedo para falar em nomes e assumir candidaturas. “Em privado, no entanto, atuam com afinco e o fazem com base em um cenário com os prováveis concorrentes: Bolsonaro, Fernando Haddad ou quem Lula escolher, João Amoêdo, Luciano Huck, João Doria e Ciro Gomes. Rodrigo Maia só entra na lista como possibilidade para vice. Os trabalhos do centro se concentram em Doria e Huck, o primeiro praticamente assumido como candidato e o outro ainda encenando indecisão, embora já tenha dado o o.k. aos adeptos e nos bastidores esteja em plena construção da empreitada”.
Para Dora Kramer, o apresentador do programa “Caldeirão” e o governador de São Paulo estão sentados numa hipotética gangorra, em que hoje Huck está em alta e Doria em baixa. “Isso se depreende das conversas em que são listados os atributos de um e de outro. Sobre o governador só se ouvem pontos negativos: impaciência, deslealdade, discurso radical beirando a intolerância, inabilidade política. O único destaque positivo seria o de “ter” São Paulo. Mas nesse aspecto, há quem lembre: Geraldo Alckmin e José Serra também “tinham” São Paulo e perderam duas presidenciais cada um”, acrescenta a colunista. A respeito do apresentador, há ainda poucas certezas, várias dúvidas, mas muita esperança, o que acaba por contar a favor dele no balanço da gangorra. Entre os ativos de Luciano são citados obviamente a visibilidade proporcionada pelo programa na rede Globo, a quantidade de seguidores em redes sociais na casa dos quase 50 milhões, o empenho em ganhar conteúdo em viagens no Brasil e no exterior para conhecer realidades, projetos e ações bem-sucedidas.
Além disso, há o time composto de dois pilares importantes, Armínio Fraga na economia e Nizan Guanaes na comunicação, mais um grupo de aconselhamento formado por políticos experientes em cujo currículo está a arquitetura da candidatura Fernando Henrique Cardoso na qual o centro se expressou e, depois, no governo, predominou. Pesquisas internas também fazem os humores pender em favor de Huck. Doria aparece nelas com índices em torno de 5%, enquanto o apresentador chega a 16%,com bom grau de aceitação entre os mais pobres e, em âmbito regional, no Nordeste. Esses dois fatores o tornariam apto a entrar na base do PT, o que significa um bom capital mas ainda insuficiente. Dora Kramer conclui que há desafios a vencer, a partir da agenda e das qualificações do candidato. Mas o “segredo de política” já pode virar evidência a partir do segundo semestre de 2021.