Por Gabriela Parente / Gecom – TJPB
Facas, peixeiras, enxadas, tesouras, espetos – artigos domésticos presentes na maioria das residências brasileiras, e que, ao longo dos tempos, vêm sendo utilizados com uma finalidade mórbida: ameaçar, ferir ou matar mulheres. Itens como estes constam na maioria dos processos que envolvem violência física e doméstica contra a mulher e, por este motivo, foram reunidos na Exposição ‘Armas Brancas do Medo – Desnaturalizar é preciso’, aberta na tarde desta segunda-feira (25), no Fórum Criminal da Capital, por ocasião da XV Semana Justiça pela Paz em Casa.
Na ocasião, a servidora da Vara da Violência Doméstica contra a Mulher da Capital, Thayse Vilar, prestou informações sobre os utensílios expostos e explicou que a ideia da exposição surgiu após o conhecimento de uma pesquisa que avaliou mortes violentas de mulheres no Mundo, em que se concluiu que o local mais perigoso para elas era a própria casa.
Entre as armas expostas, constam, ainda, palmatória, cassetete, paus, pedras, machado, marreta, picareta, foice, corrente, algema, canivete, e outras. Os transeuntes têm a oportunidade de ouvir histórias sobre os casos e tocar nas peças, sentir o peso, a textura dos objetos e tirar suas conclusões. Também têm acesso a depoimentos de vítimas, expostos em um painel, com conteúdo de violência sexual, psicológica, física e patrimonial.
“São objetos que parecem simples. Choca a ideia de serem coisas de uso diário, que todo mundo tem em casa: a corrente da rede, a mangueira do bujão com o registro, as faquinhas de serra de mesa, a faca peixeira. Todo mundo tem estranhado, as pessoas se arrepiam. Elas sabem que existe esta violência, mas ver os objetos em conjunto, como armas de crimes, têm causado impacto”, avaliou Thayse.
A servidora disse, ainda, que as armas brancas não são menos graves que as armas de fogo. “Elas passam mais despercebidas e, portanto, podem gerar uma ameça mais contínua”, analisou, exemplificando com um dos casos em que o cassetete ficava pendurado na parede da sala, numa constante e silenciosa ameaça.
A coordenadora da Mulher em Situação de Violência do Tribunal de Justiça da Paraíba, juíza Graziela Queiroga Gadelha, informou que a exposição ficará no Fórum Criminal durante toda a semana e que a ideia é torná-la itinerante, para que chegue a outras comarcas e até as escolas e às universidades.
“Temos o objetivo de promover esta desnaturalização sugerida pelo título, porque, de fato, olhando esses instrumentos utilizados para ameaçar e agredir mulheres, a gente consegue dimensionar e tornar mais profunda a reflexão sobre o que vem a ser esta chaga da violência contra a mulher”, pontuou a magistrada.