Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) comentou que as últimas exonerações, de auxiliares do governo ligados ao antecessor Ricardo Coutinho, publicadas na edição de hoje do “Diário Oficial”, não deveriam constituir motivo de surpresa, destacando que tais atos fazem parte da rotina administrativa e que não deixará de recorrer a eles quando concluir que integrantes da sua equipe não estejam mais correspondendo às expectativas. Azevêdo reiterou o que comentou, certa vez: que titulares de secretarias ou funções de outros escalões são demissíveis “ad nutum”, conforme está na própria Constituição. E reforçou que, ao lançar mão do expediente, não está ferindo nenhum dispositivo legal.
Azevêdo estranhou as críticas feitas pelo ex-governador Ricardo Coutinho sobre o ritmo da atual administração que, na opinião de RC, estaria deixando muito a desejar em comparação com que se deu na gestão dele. “Fui secretário de infraestrutura na gestão passada e sempre houve referências positivas ao ritmo do meu trabalho nesse papel. Não entendo a razão pela qual, como governador, seja menos eficiente do que fui quando secretário. É algo inconcebível, até”, ironizou o chefe do Executivo, que não forneceu detalhes a respeito do seu futuro partidário, bem como dos expoentes do bloco político que lhe dá apoio.
As novas exonerações de aliados do ex-governador Ricardo Coutinho, como o então presidente da PBPrev, tiveram repercussão na classe política, não apenas junto a parlamentares oposicionistas mas a políticos que, em tese, participam da atual administração. O líder do governo, deputado Ricardo Barbosa, defendeu a legitimidade do governador João Azevêdo na competência de exonerar ou nomear pessoas de confiança para postos-chaves da administração estadual. “Ele é que tem o poder de discernimento sobre o que é conveniente ou não para o êxito da ação administrativa que está sob seu comando, da mesma forma como respeitou a autonomia do seu antecessor, Ricardo Coutinho, quando este pilotava o governo”, expressou o deputado Ricardo Barbosa. O importante, na opinião do líder do governo, é que haja continuidade na filosofia administrativa, com resultados favoráveis para as camadas que precisam da ação do poder público.
O deputado Ricardo Barbosa, também, não quis descer a detalhes sobre o posicionamento do grupo do governador João Azevêdo, a que pertence, em termos partidários, mas garantiu que o processo está sendo conduzido mediante consulta democrática a aliados do chefe do Executivo, “que tem a sensibilidade de ouvir opiniões sobre o melhor rumo a ser tomado”. Este é o pensamento de outros deputados que estão alinhados com Azevêdo e que já começam a admitir a inviabilidade de uma recomposição entre João Azevêdo e Ricardo Coutinho. O próprio líder Ricardo Barbosa, que no primeiro momento do “cisma” no PSB chegou a apostar fichas num entendimento entre as figuras expressivas do PSB, já não defende mais essa tese. E a deputada estadual Pollyanna Dutra, representante de Pombal e de outros municípios do Alto Sertão, confirma que continua sofrendo hostilidades enquanto se mantém no PSB que está sob o controle do ex-governador Ricardo Coutinho. Para ela, o “divisor de águas” talvez fosse uma solução providencial para acabar o impasse que ainda perdura no cenário político paraibano.