Nonato Guedes
O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, está na contramão dos entendimentos promovidos pela cúpula nacional do PSB para alianças nas eleições municipais do próximo ano. A informação revelada pelo colunista Leandro Mazzini, na “Esplanada”, que na Paraíba é reproduzida pelo “Correio”, dá conta de que os presidentes nacionais do PSB, Carlos Siqueira, e do PDT, Carlos Luppi, tentam aparar arestas estaduais para alinhar a chamada aliança de centro-esquerda para as disputas municipais. Uma virtual aliança PSB-PDT complicaria a situação de Ricardo Coutinho, que está cada vez mais próximo do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tanto assim que o presidente estadual petista, Jackson Macedo, disse no começo da semana que dá preferência ao apoio à candidatura de RC à sucessão na Capital paraibana.
Na Paraíba, quem está mais próximo do PDT é o governador João Azevêdo, cuja desfiliação do PSB é aguardada a qualquer momento diante das divergências que ele mantém com o antecessor Ricardo Coutinho. A vice-governadora, Lígia Feliciano, que foi companheira de chapa de Ricardo, sofreu objeções da parte deste quando das articulações para a formação da chapa encabeçada por Azevêdo em 2018. Coutinho insinuou que Lígia e o marido, o deputado federal Damião Feliciano, estariam tentando montar um governo paralelo – e esta teria sido a causa principal da sua decisão de permanecer no governo até o último dia do mandato, inclusive, como estratégia para garantir a eleição de Azevêdo. Posteriormente, Ricardo foi aconselhado a absorver a continuidade de Lígia na chapa com Azevêdo, o que se concretizou.
Ultimamente, em face dos problemas surgidos no PSB paraibano entre Azevêdo e Ricardo Coutinho, o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes fez um convite público ao atual governador para ingressar nas fileiras do PDT, onde seria bem acolhido. Na semana passada, Azevêdo, que viajou à Europa em missão do Consórcio Nordeste, transferiu o cargo a Lígia Feliciano e, no retorno à Paraíba, elogiou o desempenho dela no Executivo, bem como o do presidente do Tribunal de Justiça, Márcio Murilo da Cunha Ramos, que também foi alçado à titularidade do governo. Lígia tem sido fundamental, como admite Azevêdo, no cumprimento de missões internacionais para atração de investidores e na manutenção da rotina administrativa em casos de ausência do governador.
Caciques do PDT também têm estreitado os laços com políticos do “Rede Sustentabilidade” e do Partido Verde, que tem como expoente na Paraíba o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, cujo irmão gêmeo, Lucélio, disputou as eleições ao governo em 2018, ficando em segundo lugar. As versões procedentes de Brasília dão conta de que a aposta dos pedetistas é, mesmo, na candidatura de Ciro, mais uma vez, à presidência da República. O ex-governador do Ceará já dispõe de m grupo de rede social sobre o tema com 24 mil apoiadores. Em relação a Ricardo Coutinho, sua tendência é apoiar um candidato do PT ao Planalto em 2022. Torce para que esse candidato seja novamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não terá dificuldades em se compor com outro nome. Em 2018, Ricardo assumiu na Paraíba a campanha de Fernando Haddad, lançado pelo PT depois de comprovada a inelegibilidade de Lula por ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa.