Nonato Guedes
Em pelo menos duas disputas municipais em João Pessoa – para prefeito, em 1988, e para vereador, em 1992, Wilson Leite Braga atuou decisivamente como puxador de votos para influenciar na eleição de bancada expressiva de vereadores do seu esquema na Capital paraibana. Como candidato a prefeito pelo PDT, ele derrotou postulantes como Haroldo Lucena, João da Mata, Antônio Augusto Arroxelas e Hermano Almeida, “arrastando” um time de peso na Câmara Municipal. Mas não esquentou cadeira e renunciou para disputar o governo do Estado em 1990. No lugar de Wilson, assumiu o vice Carlos Mangueira. Braga perdeu o governo concorrendo contra João Agripino Neto e Ronaldo Cunha Lima. Foi para o segundo turno contra Ronaldo, que teve o apoio de Agripino.
Como vereador, Wilson elegeu-se dez anos depois de ter sido eleito governador, por 151 mil votos de diferença, sobre Antônio Mariz. Tendo perdido a eleição majoritária estadual de 90 para Ronaldo, Braga ficou sem mandato e resolveu que largaria para uma cadeira na Câmara. Alcançou votação recorde – 6.068 votos e “puxou” postulantes como Creuza Pires e Pinto do Acordeon. Ricardo Coutinho, por exemplo, teve apenas 1.381 votos para vereador naquela eleição. Braga logrou obter outra conquista – elegeu-se presidente da Câmara pessoense, mas, como era esperado, não concluiu o mandato. Em 94, candidatou-se, e foi eleito, deputado federal; em 2002 tentou o Senado mas foi derrotado pela segunda vez (a primeira havia sido em 86), em 2006 retornou à Câmara Federal e em 2010 concluiu sua carreira política elegendo-se deputado estadual. Hoje, sobrevive afastado de engajamento na política-partidária mas sem perder o interesse pela conjuntura estadual. Wilson iniciou a sua trajetória política em 1954, elegendo-se deputado estadual. Credenciou-se na Câmara dos Deputados e ao ser eleito governador.
Em termos de “puxador de votos”, Braga igualou-se a políticos como Miguel Arraes, de Pernambuco, que arrastou uma boa bancada de deputados federais pelo PSB no rastro da sua vitória, ou Enéias Carneiro, do Prona, que se elegeu federal por São Paulo e levou consigo para Brasília ilustres desconhecidos com votações ínfimas, bafejados, entretanto, pelo voto de legenda. O “puxador de legenda” é uma figura cobiçada por candidatos sem maior expressão – a bola da vez, para a prefeitura de João Pessoa no próximo ano, é o ex-governador Ricardo Coutinho, que poderá se candidatar pelo PSB, largará como favorito e poderá influir na eleição de bancada expressiva de vereadores, com reeleição de alguns que, atualmente, estão na corda-bamba devido à concorrência. Em 1992 a candidata a prefeita de João Pessoa pelo esquema de Wilson seria sua mulher, a deputada federal Lúcia Braga. Mas, além de enfrentar ameaças judiciais de impugnação, Lúcia ainda estava abalada como acidente automobilístico que vitimara sua filha, Patrícia, em Alfenas, Minas Gerais. A jovem faleceu anos depois, tendo levado uma vida vegetativa.
Para substituir Lúcia na chapa à prefeitura de João Pessoa, o esquema braguista lançou mão do nome de Chico Franca, filho do ex-prefeito Damásio Franca, líder populista na Capital. Chico havia sido escolhido para vice de Lúcia e ascendeu automaticamente à titularidade, passando a professora Emília Freire a ser companheira de chapa. Franca foi para o segundo turno contra o candidato Chico Lopes, do Partido dos Trabalhadores. Foi vitorioso com 102.878 votos, contra 71.750 sufrágios atribuídos a Lopes, que havia sido deputado estadual e era professor da rede estadual de ensino. Concorreram, ainda, em 1992, mas sem chances de vitoriar, os candidatos Delosmar Mendonça Júnior, do PMDB, que teve 30.812 votos, Pedro Adelson Guedes, do PSDB, com 10.431 sufrágios e mais: José Bartolomeu, Djacy Lima e Eduardo Oliveira e Silva, representando legendas “nanicas”. Hoje, o ex-prefeito Chico Franca trabalha nos bastidores para que seu filho, o vereador Damásio Neto, seja candidato à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV) e conte com um forte respaldo para vencer a parada, a despeito das insinuações de favoritismo de Ricardo Coutinho se este assumir a candidatura pelo PSB. A expectativa maior é sobre a candidatura que o governador João Azevêdo apoiará, uma vez formalizado o seu desligamento dos quadros do PSB. Ele e Ricardo romperam após divergências sobre o controle da agremiação no Estado.