O advogado Cristiano Zanin informou que como defensor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai recorrer da decisão do Tribunal Regional Federal da Quarta Região que ampliou a pena do ex-mandatário para 17 anos, um mês e dez dias, no julgamento do processo sobre benfeitorias no sítio de propriedade dele em Atibaia, interior de São Paulo. Zanin considerou a decisão incompatível com o que diz o Supremo Tribunal Federal sobre a ordem das alegações finais nos processos, ao definir que é necessário dar a defesa dos corréus delatados a falar depois dos corréus delatores.
O pedido principal da defesa do ex-presidente Lula da Silva era a anulação do processo. Um dos argumentos utilizados foi a determinação recente do Supremo Tribunal Federal de que réus que não são delatores, caso do ex-presidente, devem apresentar alegações finais por último. Uma eventual anulação poderia ter feito a ação voltar à primeira instância, para que fosse alterada a ordem de apresentação das alegações finais. Essa questão foi julgada antes do mérito, nas chamadas preliminares, e foi rejeitada por todos os desembargadores. Lula ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019, após ser condenado em segunda instância no processo do tríplex do Guarujá. Saiu da cadeia após decisão do Supremo Tribunal Federal no início do mês.
Por sua vez, em entrevista ao jornal “El País”, da Espanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o que mais lhe assusta desde que deixou a prisão é que percebe que o governo do presidente Jair Bolsonaro consegue ser pior do que a visão que ele (Lula) tinha, quando estava na prisão. “Possivelmente porque eu não tinha todas as informações que hoje eu tenho das atitudes, não apenas dele, mas do conjunto do governo. Eu acho que é um grande risco para o Brasil o jeito com que eles estão governando”, acrescentou. Para Lula, as atitudes de alguns integrantes do atual governo mostram que eles não compreendem bem o que é a democracia.
– A democracia não é um pacto de silêncio. A democracia é uma sociedade em movimento, à procura de consolidar suas conquistas sociais e melhorar a vida de todas as pessoas num país. Eles não entendem assim porque ele (Bolsonaro) não valoriza a democracia. Nem ele, nem os filhos dele, nem o partido dele. Eles já falaram em fechar várias vezes a Suprema Corte, já falaram em fechar o Congresso Nacional, já falaram em restituir o AI-5, já fizeram não sei quantos decretos para liberar a arma. Ele acha que tudo será resolvido com o povo armado na rua, quando, na verdade, eu acho que tudo será resolvido com mais tecnologia, mais educação e mais emprego – finalizou o ex-presidente Lula.