Nonato Guedes
Um dos ativos participantes das discussões realizadas na Conferência Nacional da Autorreforma do Partido Socialista Brasileiro, realizada nos últimos dias no Rio de Janeiro, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, foi enfático ao exortar companheiros de partido a assumirem os espaços no atual cenário político nacional, que a seu ver é pontuado pelo conservadorismo e pela polarização. Coutinho foi categórico: “O vácuo político existente pode e deve ser ocupado pelo PSB. Somos um partido com história e que precisa se reinventar. Ninguém está fazendo oque o PSB vem realizando”. Ricardo é presidente da Fundação João Mangabeira, órgão de estudos políticos do PSB nacional e também preside a comissão provisória estadual do partido na Paraíba, formada após a dissolução do antigo diretório regional presidido por Edvaldo Rosas.
Na sua palestra aos participantes da Conferência, o ex-gestor paraibano alertou que o processo de renovação é fundamental para superar tanto a crise do país como o que chamou de “antipolítica” do governo do presidente Jair Bolsonaro, “comprometido com a extrema-direita e com o retrocesso político”. Ao analisar as contradições que permeiam o governo Bolsonaro, Ricardo Coutinho lembrou que o ministro da Saúde, Ricardo Salles, é antiambientalista, e que o Ministério da Saúde, titulado por Henrique Mandetta, do Democratas, quer destruir o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o ministro da Educação, Abraham Weintraub, combate as universidades públicas.
Na avaliação de Ricardo Coutinho, a população brasileira deseja o quanto antes recuperar a esperança perdida por conta do descrédito que tem sido alimentado em relação à política-partidária. Explicou que considera o PSB um partido popular, que tem a obrigação de produzir algo que faça as pessoas reivindicarem políticas e serviços públicos de qualidade. “O rentismo do mercado financeiro, a exclusão social, não podem ser permanentes. Sabemos que, no ritmo atual, o capitalismo vai quebrar. As forças de oposição devem criar algo viável para apresentar à população”. Desse ponto de vista, Ricardo considera essenciais as eleições municipais de 2020. “A direita violenta e mentirosa está intacta e suas armas não foram aposentadas”, disse, finalizando: “O que distingue os partidos de esquerda é a democracia. Do outro lado, o racismo é apoiado nas redes sociais, e isto nós precisamos derrotar”.