O governador da Paraíba, João Azevêdo, e outros oito governadores do Nordeste, deflagraram uma ação coordenada com vistas a travar a redução da presença da Petrobras na região e pressionar para que a estatal petrolífera retome os investimentos no território nordestino. Eles externaram preocupação com a venda e arrendamento de ativos da estatal, destacando que a Petrobras possui alto impacto na geração de emprego e renda no Nordeste. Rui Costa (PT), governador da Bahia, foi enfático: “Estamos extremamente preocupados com o que já foi feito e com o que ameaçam fazer; nos parece uma completa venda e fechamento de ativos da Petrobras na nossa região”.
Os governadores propõem que a Petrobras volte a operar no Nordeste como indutora do desenvolvimento regional. “A Petrobras permanecer do jeito que está, sem colocar em atuação as unidades que já tem, não faz sentido porque não gera emprego nem renda para a população nordestina”, ecoou o governador paraibano João Azevêdo (PSB). Pelo que se apurou, a principal frente de atuação dos governadores do Nordeste será o Congresso Nacional, onde tramitam projetos de lei que condicionam a venda de ativos estratégicos da Petrobras à autorização do Senado e da Câmara dos Deputados.
A possível aprovação de uma lei dessa natureza poderia barrar a venda de ativos na região. O tema tem potencial de atuação suprapartidária por envolver interesses de todos os Estados do Nordeste. Governadores avaliam que, além da bancada de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro, a pauta poderá atrair a atenção de deputados e senadores governistas de Estados nos quais a Petrobras pretende vender seus ativos. A redução da presença da Petrobras no Nordeste é resultado do processo de desinvestimento e redução de gastos da empresa, que ganhou fôlego nos últimos três anos. Segundo a estatal, a venda de ativos acontece em diversos Estados e não está concentrada especificamente no Nordeste. O plano prevê o repasse de 50% da capacidade de refino da Petrobras para empresas privadas, o que inclui as três das refinarias que a estatal possui no Nordeste: a Landulpho Alves, na Bahia, Abreu e Lima, em Pernambuco, e a fábrica de lubrificantes Lubnor, no Rio Grande do Norte. Já a refinaria Clara Camarão, também no Rio Grande do Norte, foi rebaixada em 2007 para a categoria “ativo industrial” e excluída do plano estratégico da diretoria de refino e gás natural. Com a venda de, pelo menos, oito refinarias, a Petrobras concentrará a sua atuação na área de refino no Sudeste, com quatro unidades em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Além da perda de empregos, o possível fechamento de ativos da Petrobras pode ser danoso para a economia dos Estados do Nordeste.