A falta de candidatos competitivos, negativas por parte de velhos quadros do Partido dos Trabalhadores e interesses políticos dos caciques regionais dificultam o cumprimento da orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT lance o maior número possível de candidatos a prefeito em 2020, principalmente em cidades onde há horário eleitoral na TV. Lula quer aproveitar a eleição municipal para fazer a defesa dos governos petistas e dele mesmo, que está condenado, embora tenha sido solto por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o deputado José Guimarães, do PT-CE, coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do partido, o PT dificilmente deixará de ter candidato em pelo menos dez capitais, a maior parte no Nordeste. João Pessoa, capital da Paraíba, está excluída desse roteiro de candidatura própria. Guimarães inclui São Paulo, Belo Horizonte e Salvador na lista, ao lado de Recife, Fortaleza, Manaus, Goiânia, Natal, Aracaju e Teresina. “Queremos candidaturas competitivas, para ganhar. Os principais quadros, aqueles que têm compromisso com o PT, não podem se esconder”, afirma Guimarães. A ideia, segundo o deputado, é nacionalizar a disputa nas principais cidades, transformando a eleição municipal de 2020 em uma ponte para derrotar Jair Bolsonaro em 2022.
A ordem de Lula para lançar o maior número possível de candidatos não inviabiliza alianças com outros partidos de esquerda e serve para cacifar a legenda no momento das definições. “Você acha que alguém vai querer negociar conosco se não colocarmos nossos nomes? Primeiro coloca os nomes. A segunda etapa é negociar”, frisou. Jaques Wagner concorda: “Lula está falando para ter candidatos no maior número de cidades possível, não em todas. Essa conclusão de que é uma política de alianças estreita, na minha opinião, está equivocada”. Em Salvador, o PT trabalha para filiar o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, mas o governador Rui Costa pretende usar a eleição do ano que vem para fortalecer sua base na Assembleia Legislativa. Costa pode ter até três candidatos, entre eles o deputado Pastor Sargento Isidório, do Avante. Em Porto Alegre, nenhum dos três ex-prefeitos petistas citados por Lula como alternativas a uma aliança com Manuela D”Avilla, do PCdoB, se animou. Dirigentes nacionais apostam no apoio à ex-vice de Haddad. Em Curitiba, por falta de nomes, o PT deve apoiar Roberto Requião, do MDB.