O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) detonou, ontem, o sucessor João Azevêdo numa entrevista ao programa Conexão Master, afirmando que ele não teria sido eleito sequer vereador se não tivesse tido o seu apoio na eleição do ano passado. Conforme ele, o atual gestor ganhou “de graça” o Palácio da Redenção. De sua parte, disse que não tem apego a cargos, tanto assim que não se candidatou ao Senado embora fosse tido como franco favorito para uma das vagas. “O inimigo de quem governa passou a ser quem lhe deu o governo. Os militantes estão sendo demitidos. Não entendo o motivo desse ódio e porque alguns secretários que tocam o governo não conseguem ser recebidos”, acrescentou.
Ricardo e o sucessor estão distanciados desde que estourou a crise no PSB com a destituição do diretório regional que era dirigido por Edvaldo Rosas, secretário de Governo de Azevêdo. Ao mesmo tempo, auxiliares remanescentes da administração de Coutinho têm sido demitidos com frequência pelo atual chefe do Executivo, que se recusa a participar de reuniões convocadas pela direção nacional socialista a fim de discutir provável reaproximação com o antecessor. Na entrevista à TV Master, Ricardo Coutinho revelou versões de bastidores da política e da administração na Paraíba, contando, por exemplo, que João teria lhe pedido para que ele não fosse candidato ao Senado e que lhe fosse dada a chance de concorrer ao governo.
E prosseguiu: “Ele não teve a capacidade de observar a responsabilidade que tinha ou foi vencido pela vaidade. É normal. Convive-se com muitos bajuladores e você precisa ter muita segurança para passar por tudo isso sem se quebrar”. Ricardo indagou, em tom de ironia: “Eu estou dizendo isso hoje aqui por que o PSB fez mal ao governador? O partido lhe deu o mandato. Foi isso? O atual governador disse que nunca tinha pedido para ser candidato e não é verdade. Foi no salão de vidro da Granja Santana em fevereiro e ele (João) disse que se eu saísse do governo ele não sustentaria dois meses porque Lígia (a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT), iria engoli-lo. Palavras dele”. O ex-governador virou sua metralhadora giratória, também, contra o líder do governo na Assembleia, Ricardo Barbosa, a quem denominou de “bomba de instabilidade” e acrescentou que João Azevêdo não queria que ele fosse presidente do PSB da Paraíba.
“Ele não falou a verdade quando disse que abriria espaço para eu ser presidente do PSB. Como alguém justifica que aquela parte que eu vou chamar de a parte podre da imprensa, uns que ganham para caluniar, com quem eu nunca quis conversa, recebe da Secom e não é para falar bem do governo, mas, sim, para me atacar? Como se justificaria que alguém a quem você dá amão age assim? Antes da posse eu disse a ele que se não fosse ele, seria outro. O governo elegeria qualquer um candidato. Mas foi ele por ser um dos construtores que teria condições de continuar a gestão”, enfatizou Ricardo Coutinho, que é presidente da Fundação João Mangabeira, do PSB nacional, e da comissão provisória estadual do PSB.
O ex-governador acusou o sucessor de estar perseguindo os filiados do Partido Socialista Brasileiro e lembrou o anúncio de Azevêdo de que sairia em dezembro da agremiação. Exortou, então: “Se quiser sair, saia, mas diga a verdade sobre porque está saindo. Edvaldo Rosas não dava conta do partido fora do governo, imagine dentro do governo. Ele não tinha a menor capacidade, a menor condição”. O site “ParlamentoPB” revelou que na chegada de Ricardo à TV Master para ser entrevistado pelo apresentador Alex Filho, um casal teria agido de maneira planejada para fazer provocações ao ex-governador e filmar as reações dele usando uma microcâmera. A denúncia foi feita pelo procurador Sebastião Lucena, ex-secretário-executivo da Comunicação do Estado da Paraíba. A provocação teria partido de um rapaz chamado Jayme, assessor do deputado federal Julian Lemos, do PSL, e de uma moça não identificada. Julian Lemos revelou ao site que o rapaz autor da provocação a Ricardo não integra mais sua assessoria há seis meses e disse que não tem nada a ver com o incidente de ontem à noite.