Nonato Guedes
Com a consumação da desfiliação do governador João Azevêdo dos quadros do PSB e o consequente rompimento entre ele e o antecessor, Ricardo Coutinho, o chefe do Executivo confirmou que está fazendo um mapeamento de cargos estratégicos ocupados por pessoas de confiança ou das relações pessoais com o círculo do presidente estadual socialista, a fim de promover a substituição por pessoas identificadas com o projeto que Azevêdo pretende levar adiante em mais de três anos de mandato. Azevêdo, em contato com jornalistas, ressaltou que se trata de um processo “natural e legítimo”, lembrando que tem metas a cumprir, que foram expostas à população paraibana durante a campanha eleitoral de 2018, e precisa estar cercado por pessoas que tenham afinidade com essas propostas e ao mesmo tempo tenham disposição de colaborar para torná-las realidade, em benefício das camadas mais carentes da sociedade.
Azevêdo não titubeou em acusar que algumas figuras ligadas ao ex-governador Ricardo Coutinho, que exerciam funções relevantes na sua administração, agiram no sentido de sabotar ações que estavam sendo empreendidas, desrespeitando cronogramas fixados por ele, no que qualificou de péssimo exemplo de postura. Isto reforça nele a convicção de que precisa promover substituições, para que possa iniciar 2020 sob o signo de uma nova etapa, baseada na unidade e no entrosamento entre auxiliares do governo do Estado. “Não podemos perder de vista que a sociedade está atenta, cobrando resultados por parte da atual gestão, e que fomos eleitos nessa condição”, enfatizou o governador. Ele disse que não pretende polemizar com o antecessor, mas voltou a refutar as acusações de que seria um “traidor”, garantindo que em nenhum momento do período em que está à frente do governo descumpriu compromissos traçados.
Para ele, o estilo adotado por Ricardo Coutinho, de “tratorar” as pessoas, independente da importância que elas tenham ou da contribuição que possam ter oferecido a ele em certos momentos da vida pública, não surte efeito junto à opinião pública e apenas desgasta a imagem de seriedade que o antecessor deseja firmar. João reiterou que seu desligamento dos quadros do PSB tornara-se inevitável diante da pressão de Ricardo Coutinho para continuar influenciando os destinos do Estado como se ainda fosse governador. Alegou que da parte da Executiva Nacional do PSB não poderia esperar nenhuma atitude eficaz com vistas à conciliação interna, uma vez que a direção presidida por Carlos Siqueira já havia demonstrado estar fortemente influenciada por Ricardo.
Embora lamentando o desfecho dos acontecimentos, João Azevêdo chamou a atenção para um fato que considera extremamente importante: o de que não haverá qualquer solução de continuidade nos programas que já vinha tocando e nas obras que o antecessor deixou inacabadas. “Tenho espírito público e grandeza suficiente para levar em conta as reivindicações que são de urgência urgentíssima para os paraibanos e paraibanas e não vou interromper os projetos que são indispensáveis”, refletiu o governador. Deputados e líderes políticos que seguem a orientação do ex-governador Ricardo Coutinho continuam irresignados com o rompimento assumido pelo governador João Azevêdo mas admitem estar sendo desafiados a manter o ânimo de correligionários do interior que não apostavam fichas na concretização do rompimento.