Nonato Guedes
Em nova rodada de versões sobre o desfecho do “racha” no PSB paraibano que culminou com a desfiliação do governador João Azevêdo (atualmente sem partido), o ex-governador Ricardo Coutinho, presidente da comissão provisória estadual da agremiação socialista, apontou como um dos motivos para a saída de João o interesse de concorrer à reeleição ao Palácio da Redenção em 2022. Ontem, provocado sobre o assunto, Azevêdo assegurou que em nenhum momento esse tema foi colocado em discussão e acusou Ricardo de tentar justificar o golpe dado para garantir o comando da sigla. De acordo com o governador, o antecessor estaria se valendo de táticas ensinadas por Maquiavel, uma das quais reza que a melhor maneira de atacar alguém é inverter posições ou papéis.
– Eu jamais tratei da campanha de 2022 até porque estamos construindo um projeto agora. Estamos iniciando a gestão, eu e Lígia (Feliciano), fomos eleitos pelo povo e estamos exatamente contribuindo com a Paraíba. Talvez o interesse no processo eleitoral de 2022 tenha sido fator motivador, isto sim, para o grupo que tirou Edvaldo Rosas da presidência do antigo diretório regional e dissolveu o próprio diretório – analisou João Azevêdo. Acerca da acusação de traidor, o governante assegurou que está com sua consciência tranquila e que saiu do PSB com a certeza de que tudo o que foi construído ao longo dos anos, e que teve a sua participação, foi em prol da Paraíba e teve continuidade.
O gestor formulou um recado subliminar para Ricardo: “Se por acaso alguém imaginava que ia continuar governador do Estado, aí é outra coisa. João Azevêdo é o governador do Estado e vai continuar governando”. Disse que não se sente “traidor”, como Ricardo acusou. “Eu sei exatamente os motivos que me levaram a deixar o partido. Durante o ano pessoas com os maiores cargos no PSB tentaram inviabilizar essa gestão e eu não entendo o porquê, afinal de contas foi um governo construído com um objetivo”. Não obstante, Azevêdo enfatiza que não guarda mágoas. “Meu coração não tem espaço para isso. Eu tenho decepção, isto sim”. O governador anunciou que até o final do mês estará definindo o partido a que irá se filiar e fez duras críticas a alguns auxiliares que se mantiveram no governo atacando a gestão e discordando da nova forma de governar. “Está dito na própria carta em que anuncio minha desfiliação do PSB que muita gente se manteve no governo boicotando a administração e não teve a coragem ou dignidade de entregar os cargos, já que essa era a exigência primeira. A partir do momento em que eu discordo de uma forma ou de alguém que está governando o Estado, a primeira atitude a ser tomada é entregar os cargos, mas as pessoas se prendem muito a cargos, a salários”.