Nonato Guedes
– Não foi surpresa – limitou-se a afirmar, ontem à noite, o secretário de Cultura do Estado, Damião Ramos Cavalcanti, ao comentar a decisão da presidente da Fundação Casa de José Américo, Viviane Vieira Coutinho, irmã do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), de pedir exoneração do cargo e do governo João Azevêdo. “Não faz mais sentido”, justificou Viviane, aludindo ao rompimento político entre seu irmão e o atual chefe do Executivo. Damião Ramos Cavalcanti não antecipou o nome para substituir Viviane. Ele foi um dos homenageados, ontem, pelo Centro Cultural Ariano Suassuna, do Tribunal de Contas do Estado e pela Academia de Cordel do Vale do Paraíba, com um diploma de reconhecimento pela sua brilhante contribuição ao engrandecimento da cultura paraibana, conforme justificaram Marconi Araújo, presidente da ACVPB, Flávio Sátiro Fernandes Filho, diretor do CCAS e Arnóbio Alves Viana, presidente do TCE. O jornalista e escritor Nonato Guedes também foi agraciado com idêntico diploma.
Na carta ao governador Azevêdo, Viviane diz que aceitou com alegria o convite que ele lhe fez para assumir a presidência da Fundação Casa de José Américo e contribuir com seu trabalho, zelo e dedicação para o aperfeiçoamento de uma instituição “tão relevante para o desenvolvimento cultural da Paraíba”. E acrescenta: “Fiz isso, também, para oferecer minha contribuição à continuidade de um projeto que, com meu esforço e minha militância de décadas, ajudei a construir. E não só por ser irmã de Ricardo Coutinho, cujo exemplo me inspira e me motiva todos os dias, mas porque lutar por mudanças numa sociedade tão desigual também faz parte da minha história de vida”.
Viviane ressalta que com a eleição de João Azevêdo ao governo, acreditou que esse projeto teria continuidade, mas começou a desconfiar que estava enganada quando muitos companheiros e companheiras, que foram importantes e decisivos nessa caminhada, começaram a ser abandonados pelo meio do caminho”. O anúncio da desfiliação do governador dos quadros do PSB consolidou em Viviane, segundo ela, o que era apenas uma suspeita. Ela enfatiza que Azevêdo abandonou o projeto porque sem o PSB que o construiu, para iniciar, sob a liderança de Ricardo Coutinho, uma era de mudanças na Paraíba, ele perde razão de ser. “O PSB é um partido para o qual confluíram todos os desejos e expectativas de mudança da maioria dos paraibanos, de João Pessoa a Cajazeiras. Sem o PSB, o projeto que tanto lutamos para dar continuidade, na eleição passada, perde a alma, porque o projeto são as pessoas que o construíram e deram a ele vida nas ações que pensamos e tiramos do papel. Por isso, perdeu o sentido a minha permanência no atual governo. Em razão disso, peço demissão, em caráter irrevogável, da presidência da Fundação Casa de José Américo”, salientou Viviane Coutinho.
Na carta de exoneração, a ex-presidente da FCJA agradece ao corpo dirigente e ao seu Conselho Deliberativo pelos meses de trabalho compartilhado. “Agradeço a colaboração dos servidores que, cotidianamente, transformaram o exercício de administrar essa Casa num ato prazeroso e cheio de significados e compromissos com o público que nos visita em busca de conhecimento histórico e cultural, o que é a razão da nossa existência”.