Nonato Guedes
De acordo com projeções nos meios políticos, é acentuado o processo de debandada nas fileiras do PSB paraibano desde o rompimento entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o atual governador João Azevêdo. De trinta e quatro prefeitos eleitos pela sigla do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, dez já anunciaram desfiliação da legenda, e as informações sinalizam que mais seis estão dispostos a seguir o mesmo caminho. Na Câmara de Vereadores de João Pessoa, dois filiados ao PSB, Tibério Limeira e Leo Bezerra, filho do deputado Hervázio Bezerra, estão em marcha batida para a desfiliação, permanecendo fiel a Ricardo apenas a vereadora Sandra Marrocos, que, inclusive, chegou a defender a candidatura do ex-governador a prefeito da Capital nas eleições do próximo ano.
Ricardo esteve na cidade de Sousa esta semana para conceder entrevista e dirigiu ataques ao radialista Nilvan Ferreira, da rádio 98 FM João Pessoa, apresentador do programa “Correio Debate” e cogitado como provável candidato à prefeitura da Capital pelo PSL, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro. Coutinho dirigiu-se em tom de desprezo ao radialista ao comentar a sua provável candidatura a prefeito, dando a entender que Nilvan não tem cacife nem prestígio para se eleger ao cargo. O radialista, em desabafo, ontem, no seu programa, sem assumir que é pré-candidato a prefeito, detonou o ex-governador, afirmando que ele está “sozinho” como consequência das perseguições que teria imposto, à frente do governo, a integrantes de várias categorias sociais e do funcionalismo público do Estado.
Desde que foi oficializada a saída do governador João Azevêdo do PSB diante de ataques formulados pelo antecessor, Ricardo Coutinho tem contado com o apoio da cúpula nacional do partido, presidida por Carlos Siqueira (PE), que endossou a sua alegação de traição da parte de Azevêdo e anunciou articulação na Justiça para reaver o mandato que foi conquistado por João nas urnas em 2018, além de obrigar o governador a devolver mais de R$ 3 milhões que teriam sido utilizados na sua campanha eleitoral. Ontem, ao ser indagado por jornalistas, Azevêdo enfatizou que não tem a menor preocupação com os movimentos ensaiados por Ricardo e duvidou que eles venham a surtir efeito. “Não fiz nada que esteja fora da Lei, daí porque tenho a consciência tranquila”, salientou o chefe do Executivo, acrescentando que continua fazendo consultas sobre a opção partidária que pretende tomar e espera ter uma definição até o final do mês.
O senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB), durante evento, ontem, do Podemos e do PTB em João Pessoa, afirmou que até amanhã irá conversar com o governador João Azevêdo sobre o futuro da relação. Eleito pelo PSB e apoiado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, Veneziano discordou da forma como Ricardo agiu no processo, mas, ao mesmo tempo, pretende colocar na mesa, na conversa com o governador João Azevêdo, os prós e contras em seguir com o atual ocupante do Palácio da Redenção. Essa preocupação é extensiva a deputados estaduais e prefeitos municipais. Na Capital, as deputadas Cida Ramos e Estelizabel Bezerra seguem afinadíssimas com a orientação do ex-governador Ricardo Coutinho, que conta, ainda, com o apoio incondicional do deputado federal Gervásio Maia, já apontado como alternativa do PSB para disputar a prefeitura de João Pessoa em 2020.