O cantor e compositor Chico Buarque de Holanda foi recebido na terça-feira, 11, pelo Papa Francisco, no Vaticano, presentes, ainda, a advogada Carol Proner, o advogado argentino Roberto Carlés e a ativista e escritora italiana GraziaTuzi. O grupo entregou ao Santo Padre um relatório de mil páginas com denúncias de processos do que chamam de “judicialização seletiva” na Argentina, no Equador e no Brasil. “Não é exagero reconhecer que o “lawfare” (uso da lei na disputa política) se transforma em um dos maiores perigos para a democracia no mundo e não apenas na América Latina”, ressalta o documento.
A advogada Carol Proner já havia sido recebida pelo Papa em agosto. Ela estava acompanhada por Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que foi assassinada supostamente por milicianos, além da pastora luterana Cibele Kuss e de Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade. Na ocasião, ela entregou dois livros ao pontífice, um deles sobre o impeachment de Dilma Rousseff e o outro sobre a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.
– Eu expliquei a ele que a forma como a Operação Lava-Jato está sendo conduzida, com a flexibilização de provas, de forma seletiva, e com a mídia elegendo juízes heróis, acaba gerando injustiças – afirmou ela. Disse ainda que o próprio Supremo Tribunal Federal violou um direito universal, que é o da presunção da inocência. E explicou que isso prejudica não apenas o ex-presidente Lula da Silva mas milhares de pessoas que estão na mesma situação e que têm seus direitos violados de forma irreparável. Na manhã desta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro surpreendeu ao comentar as insinuações de suposto envolvimento seu no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco: “Outras acusações virão”. A declaração foi feita quando Bolsonaro parou na entrada do Palácio da Alvorada para atender simpatizantes, entre eles um padre com um coral infantil, um pastor e um homem vestido de papai Noel.
Disse Bolsonaro: “É uma maquinação constante querendo derrubar, denegrir minha imagem. Te acusar de alguma coisa. O caso Marielle, no Rio de Janeiro, que não acabou ainda. Outras acusações virão. Armações, sabem de quem”, enfatizou. Bolsonaro se referia ao governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, a quem já acusou de usar a polícia civil do Estado para envolver a sua família no caso, visando a disputa presidencial em 2022. Antes de deixar o local, Bolsonaro ouviu o coro das crianças e posou para foto com o Papai Noel, que fez o gesto característico da arminha com a mão.