Nonato Guedes
O ex-governador e ex-senador paraibano Cássio Cunha Lima foi superintendente da Sudene – que completa hoje 60 anos de criação – em 1992, nomeado pelo presidente Itamar Franco, que assumira com o impeachment de Fernando Collor de Mello. Sucedeu, no posto, a Elionaldo Magalhães e enfrentou uma Comissão Parlamentar de Inquérito provocada pelo então deputado federal paraibano Avenzoar Arruda, do PT, para apurar denúncias de supostas irregularidades na liberação de recursos do Finor para empresários da região Nordeste. Apesar da repercussão dos fatos na mídia, Cunha Lima deixou o órgão com um atestado de inocência face às acusações.
Em agosto de 1993 o deputado estadual Souto Júnior, do Partido Trabalhista Renovador do Rio Grande do Norte, repisou as denúncias de liberação de recursos do Finor favorecendo empresários que seriam ligados a Cássio por laços familiares ou de amizade, o que foi reforçado pelo proprietário Manoel Dantas Barreto, dono da Frunorte em Açu, no Rio Grande do Norte. Ele insinuou que a Sudene teria emitido notas fiscais frias envolvendo verbas do Finor, mas surgiu a versão de que tais irregularidades teriam ocorrido antes da posse de Cássio Cunha Lima, filho do ex-governador e ex-senador paraibano Ronaldo Cunha Lima. Cássio permaneceu na superintendência da autarquia até janeiro de 1994, quando se desincompatibilizou para concorrer a um mandato na Câmara Federal, sendo substituído por Newton Rodrigues.
Um dos momentos dramáticos da passagem de Cássio pela superintendência da Sudene deu-se quando ele foi tomado como refém no seu gabinete, no prédio do órgão, no Recife, por agricultores que reclamavam socorro do governo federal diante do quadro de calamidade provocado por mais um período de estiagem no Nordeste. Cunha Lima negociou diretamente uma solução de emergência com o Palácio do Planalto, por telefone, e com isto o protesto dos trabalhadores ficou esvaziado. Cássio foi deputado federal constituinte (na Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Carta-Cidadã de 1988) e prefeito de Campina Grande por três vezes. Elegeu-se governador da Paraíba em 2002 e 2006. Teve o segundo mandato interrompido em fevereiro de 2009 com a decretação de cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral sob alegação de conduta vedada e suposta improbidade.
Na época, ele protestou afirmando ter sido vítima do maior erro judiciário da história do país. Eleito senador em 2010 com uma votação consagradora, tentou a reeleição em 2018 e era tido como franco favorito, mas, para surpresa dos analistas políticos, perdeu a vaga, ficando em quarto lugar no páreo. Atribuiu o resultado, entre outros fatores, ao que chamou de “tsunami político” que, na sua opinião, teria ocorrido no cenário nacional no ano passado, cujo emblema maior fora a eleição do capitão reformado Jair Bolsonaro para a presidência da República. Atualmente, Cássio dedica-se a atividades empresariais, de assessoramento político e em banca de advocacia, não cogitando, a curto prazo, disputar mandatos eletivos.