Da Redação, com revista “Fórum”
“Quando um apresentador, dono de um canal que é uma concessão pública, ratifica e continua perpetuando piadinhas racistas, isso passa a ser um problema no qual encontramos aparato constitucional para enquadrá-lo”, afirmou o deputado estadual Jesus dos Santos, do PSOL-SP, autor de uma representação encaminhada ao Ministério Público pedindo que o proprietário do SBT seja processado por crime de racismo. A motivação é o tratamento dado à cantora Jennyfer Oliveira em seu programa, que foi apontada pela plateia como vencedora de um concurso de calouros, mas foi rejeitada pelo apresentador, que optou por premiar uma cantora branca.
Jesus dos Santos é integrante da bancada ativista que divide o mandato entre nove pessoas. O parlamentar disse à “Folha de São Paulo”: “O crime de racismo é bem nítido quando informa que atos racistas de qualquer forma e grau precisam ser contidos”. Segundo a “Folha”, a representação foi levada ao MP após a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, da qual também participaram a deputada Leci Brandão (PCdoB-SP) e o deputado Luiz Fernando Teixeira (PT-SP). Durante o “Programa Sílvio Santos”, na última semana, o apresentador não aceitou uma vitória esmagadora de Jennyfer Oliveira em um concurso de cantoras (ela obteve 84votos dos 100 possíveis) e optou por premiar a que considerou mais bonita. Jennyfer era a única negra das quatro concorrentes.
Por outro lado, criada pelo movimento feminista do Chile, a performance “tem um violador no meu caminho” foi realizada na Praia de Ponta Negra, em Natal, na tarde do sábado. A performance surgiu de uma iniciativa do coletivo feminista Las Tesis para denunciar os abusos sexuais cometidos por policiais contra mulheres manifestantes no Chile, virou fenômeno mundial e ganhou uma versão protagonizada por mulheres na capital do Rio Grande do Norte, ontem. Na semana passada, atos semelhantes aconteceram em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O grupo de mulheres que mobilizou o ato usou vendas nos olhos e reproduziu a música que ficou famosa por denunciar a violência do Estado contra as mulheres e cujo refrão diz que “o Estado opressor é um macho estuprador”. O Rio Grande do Norte é o único Estado brasileiro que possui uma governadora mulher, a paraibana Fátima Bezerra, do PT. Segundo o Mapa da Violência, uma mulher foi morta violentamente a cada quatro dias no Estado.