“Quanto mais levo porrada, mais necessária se faz minha presença”, disse a apresentadora da TV Globo Maria Julia Coutinho (Maju), em tom de desabafo, ao receber, ontem, o Troféu Domingão – Melhores do Ano 2019, no programa de Fausto Silva, o “Faustão”. A jornalista disputou ao lado de Renata Vasconcellos e Sandra Annemberg. Ao receber a premiação das mãos de “Faustão” a vencedora afirmou: “Acho que a gente tem que marcar presença; ainda mais em um momento tão polarizado se faz necessária a presença de jornalistas profissionais”.
Nos bastidores da premiação, Maju foi aplaudida de pé pelos demais indicados. Na transmissão ao vivo pelo Gshow, ela comentou sobre a importância do ano de 2019 em sua vida: “Foi o ano do Jornal Nacional, do Fantástico, do Jornal Hoje e agora do troféu. Vai marcar sempre a minha vida”. A jornalista aproveitou a oportunidade para agradecer ao público, aos colegas de trabalho e ainda comentou sobre o fato de ser tão querida entre todos: “A gente não tem muita noção disso, as pessoas falam e a gente questiona o que é isso que as outras pessoas veem. Mas é muito gratificante e especial você receber esse carinho do público. Agradeço a votação popular e a dos meus colegas, estou muito feliz”.
Por fim, a jornalista e âncora de telejornal comentou a escolha do look amarelo para a premiação. Para quem não sabe, há pouco tempo um vídeo viralizou nas redes sociais. Era a pequena Maria Alice, fã de Maju, se identificando com a imagem da jornalista na TV. A menina ainda acrescentou que elas eram iguais, pois as duas tinham um vestido amarelo. Maju comentou: “A Maria Alice falou do meu vestido amarelo e eu coloquei para ela”. Antes conhecida como “A Mulher do Tempo” – por causa das informações meteorológicas que repassava no “Jornal Nacional” – Maju foi promovida com sua ascensão ao papel de âncora do Jornal Hoje, que vai ao ar ao meio dia. Ela já foi vítima de manifestações racistas de internautas e chegou a registrar queixa em boletim policial. Em “O Livro das Mulheres Extraordinárias”, o jornalista Xico Sá lembra que seu pai sertanejo, também Francisco, ia para a roça, em um sítio no Ceará, sempre bem informado sobre as previsões de chuva ou sol de Maju. A jornalista afirmou, certa vez: “Acho muito importante para a minha raça a visibilidade do meu trabalho, mas isto só reforça o quão longo é esse caminho. Será bacana quando houver tantos negros no posto que não seja preciso destacar; torço para que essa realidade mude”.
A vigésima quarta edição do “Troféu Domingão – Melhores do Ano” realizada ontem premiou artistas em diversas categorias. O tom político permeou os discursos de agradecimento de diversos premiados que acreditam que a cultura brasileira está sob ataque. Jesuíta Barbosa disse: “Nós, artistas do Brasil, temos sido atacados todos os dias. E é importante lembrar a função da arte, o quanto é importante para a educação e a informação de um povo”. Fabíula Nascimento, premiada na categoria de Melhor atriz coadjuvante, afirmou que a classe dos artistas está unida contra aqueles que são contra a arte. “A rivalidade existe em qualquer profissão, não só na nossa. Mas a classe artística está cada vez mais unida. Faremos muita arte para quem quer que a gente não faça. Nós faremos muita arte pelo Brasil”. Cláudia Raia, homenageada na categoria especial Personagem do Ano por seu papel como Lidiane em “Verão 90” acredita que deve haver uma mudança de rumo no tratamento à cultura. Antônio Fagundes procurou adotar um tom otimista: “Já tentaram acabar com a cultura no Brasil, não conseguiram. Não vão conseguir. Nós somos resistentes”.