Nonato Guedes
O Diário Oficial do Estado, em sua edição de hoje, contém as exonerações de Edvaldo Rosas da secretaria de Governo e de Cláudia Veras da Secretaria Executiva de Desenvolvimento e da Articulação Municipal, ambos alvos da sétima fase da Operação Calvário – Juízo Final. Cláudia Veras foi presa preventivamente na fase atual da operação e Rosas foi alvo de mandados de busca e apreensão, ontem. A ex-secretária foi acusada de ser peça-chave no suposto esquema de corrupção que teria funcionado no governo durante gestões socialistas.
Ela comandava a Secretaria de Saúde do Estado quando teria ocorrido a maioria dos crimes relatados na denúncia formulada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e, para tanto, teria contado com o apoio da deputada Estelizabel Bezerra, do PSB, que conseguiu, com o voto da maioria dos deputados estaduais, autorização para deixar a prisão ainda ontem. Por sua vez, Edvaldo Rosas é apontado como beneficiário direto de propinas. Está situado em patamar semelhante ao do ex-secretário de Turismo, Ivan Burity, que deixou a cadeia recentemente depois de celebrar um acordo de colaboração premiada com a Justiça. Apurou-se que a exoneração de Rosas foi feita a pedido.
Edvaldo é citado na investigação como ex-presidente do diretório estadual do Partido Socialista Brasileiro e, por isso, dono de bom relacionamento com os grupos políticos do Estado, sendo figura influente em tomada de decisões sobre a formação de chapas para disputa de eleições recentes a diferentes cargos eletivos. Também esteve no centro da polêmica que culminou com o rompimento entre o ex-governador Ricardo Vieira Coutinho e o sucessor João Azevêdo. No bojo de uma articulação apoiada pela direção nacional do PSB, presidida por Carlos Siqueira (PE), o diretório regional do PSB na Paraíba foi dissolvido e Edvaldo Rosas destituído da presidência. A alegação do grupo “ricardista” foi a de que ele não teria condições de acumular o comando do partido com uma secretaria de Estado. Na sequência, formou-se uma comissão provisória destinada, teoricamente, a reestruturar o PSB diante das inúmeras defecções que ocorreram nas fileiras da agremiação. Ricardo Coutinho, conforme o combinado, foi investido na presidência da comissão provisória estadual.
No município do Conde, no litoral paraibano, o diretório municipal do PSB solidarizou-se com a prefeita Márcia de Figueiredo Lucena Lira, foco de ações da operação judicial que determinou busca e apreensão de objetos e documentos em sua residência, bem como o cumprimento de um mandato de prisão preventiva. O diretório enfatizou que tais procedimentos não se referem a qualquer ato praticado pela prefeita à frente da administração do Conde. “Somos defensores do Estado Democrático de Direito e das garantias processuais e individuais da ampla defesa e do contraditório, estranhando a prisão da prefeita, sem que antes fosse ouvida sobre as acusações a ela imputadas para que pudesse prestar as informações necessárias ao restabelecimento da verdade. Conclui a nota: “Satisfeitas as exigências da lei e da justiça, esperamos a imediata retomada de sua condução à administração municipal que, de forma proba, honesta, democrática, popular, responsável e renovadora, tem trazido novos ares ao município do Conde”. A prefeita também emitiu nota dizendo-se surpresa com a prosão.