Da Redação, com “Diário de Pernambuco”
Morreu na manhã desta quinta-feira, 19, no Recife, o artista plástico Francisco Brennand. Ele estava internado no Real Hospital Português após ser diagnosticado com um quadro grave de pneumonia. A informação foi confirmada por um amigo do artista. Em nota, o Hospital informou que o ceramista estava internado há 10 dias. O corpo de Brennand será velado a partir das 16h na Capela Imaculada. Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand iniciou a sua formação artística em 1942, aprendendo a modelar com Abelardo da Hora (1924). Em seguida, recebeu influências de pintura de Álvaro Amorim e Murilo Lagreca.
Em seus quadros, estão presentes flores e frutos que parecem flutuar no espaço, explorando o uso de linhas simplificadas e cores puras. O gosto pela cerâmica foi incentivado por obras de Pablo Picasso, Joán Miró e Léger, que teve contato durante uma estada em Paris. Ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, ilustrador e gravador, Brennand iniciou a restauração da Oficina de Cerâmica Francisco Brennand, no Bairro da Várzea, na zona Oeste do Recife, ainda em 1971, quando transformou a velha olaria, propriedade do pai, em ateliê. No local, estão expostos permanentemente objetos cerâmicos, painéis e esculturas. Em nota, o Real Hospital Português revelou que a morte de Brennand foi em decorrência de complicações de uma infecção respiratória.
Uma sobrinha-neta, Marianna Brennand Fortes, se aventurou a pesquisar e organizar décadas de manuscritos do acervo do parente ilustre, que também realizou um curta e um longa-metragem sobre o artista. Para a empreitada, ela abriu uma editora, a Inquietude, que viabilizou a publicação de dois mil exemplares da obra, com cerca de duas mil páginas no total. Foi a forma encontrada para ter liberdade na hora de editar o material. “Foi um trabalho muito intenso desde quando o li pela primeira vez, e decidi que contaria a história dele por meio dos escritos. É um diário de um artista e de um homem que reflete sobre si mesmo. Quem escreve é um apaixonado por literatura, artes plásticas, cinema. Respeitei totalmente o que ele produziu. Só organizei e criei uma diagramação feita para facilitar a leitura”, disse Marianna. Brennand assumiu a Secretaria da Casa Civil do primeiro mandato do governador Miguel Arraes de Alencar, em 1963.
Numa entrevista que concedeu, quando da proximidade de lançamento dos seus diários, Brennand contou que se habituou a receber pessoas na Oficina. “As pessoas costumam dizer que eu sou recluso, mas não sou, absolutamente. Eu apenas não apareço no mundo social do Recife, mas em Paris era a mesma coisa. Eu passava a maior parte do meu tempo no meu ateliê, trabalhando. Saía para ir aos museus (….) Noto que alguns visitantes me fazem perguntas a respeito do conjunto de obras da Oficina, mas, curiosamente, se você se alonga, ficam amedrontados e vão embora sem nenhuma cerimônia. Devem pensar que eu sou louco”.