O ex-governador da Paraíba Ricardo Vieira Coutinho (PSB) foi preso no aeroporto internacional de Natal, Rio Grande do Norte, por volta das 23h de ontem, procedente de Portugal. No aeroporto, agentes da Polícia Federal cumpriram o mandado de prisão preventiva solicitado pelo Ministério Público e autorizado pelo desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba, na sétima fase da Operação Calvário, na última terça-feira, 17. Na ocasião, o socialista não fora localizado porque havia viajado à Europa, com passagem pela Turquia.
Depois de receber voz de prisão, o ex-governador foi conduzido à sede da Polícia Federal em João Pessoa. O filho mais velho de Ricardo, “Rico”, compareceu à sede da Polícia Federal no fim da noite para levar um ventilador e outros objetos para o pai. Ele não falou com a imprensa. O advogado do ex-governador, Eduardo Cavalcanti, afirmou aos jornalistas que ele estava surpreso com a prisão e espera que ela seja revogada. Ainda de acordo com Eduardo, a audiência de custódia do ex-governador pode ser realizada na manhã desta sexta-feira, 20.
Ricardo Coutinho é apontado pelo Ministério Público Federal como chefe de uma organização criminosa que atuou no governo da Paraíba, no desvio de verbas da Saúde e Educação, através de organizações sociais credenciadas e licitações fraudulentas. Ontem, a jornalista Pâmela Bório conseguiu que a Justiça lhe concedesse a guarda do filho Henri Lorenzo Bório Vieira Coutinho, da união com o ex-governador. O pedido foi acatado pela juíza Érica Virgínia da Silva Pontes, tomando como fato determinante para a mudança o pedido de prisão preventiva contra o ex-governador da Paraíba. Coutinho chegou a ter seu nome incluído na lista de procurados da Interpol.
Em mensagem postada em rede social, o ex-governador disse estranhar a acusação que lhe foi imputada de chefiar uma organização criminosa formada para desviar verbas de diversos setores públicos. A Operação fez, ao mesmo tempo, uma conexão entre desvios de recursos públicos com aplicação nas campanhas de 2010, 2014 e 2018. Esta última com o pagamento de R$ 1,1 milhão para a campanha socialista que elegeu João Azevêdo em troca da manutenção em vigor dos contratos das organizações sociais. Na mensagem ao povo paraibano, Ricardo Coutinho queixou-se que sua prisão preventiva foi decretada no bojo de uma acusação genérica de que ele supostamente faria parte de uma organização criminosa. Disse que estava em viagem de férias, previamente programada, mas iria antecipar o seu retorno para se colocar à inteira disposição da Justiça brasileira, “para que possa lutar e provar minha inocência”.
O ex-governador revelou ainda: “Sempre estive à disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo de apuração. Jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados. Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente criminalizado”. A Operação Calvário, em sua sétima fase, denominada “Juízo Final”, alcançou parlamentares como a deputada Estelizabel Bezerra, que foi presa e já colocada em liberdade, e Cida Ramos, em cuja residência foi cumprido mandado de busca e apreensão de documentos. As duas são representantes do PSB, obedecem a orientação política de Ricardo Coutinho e foram candidatas derrotadas à prefeitura de João Pessoa, em 2012 e 2014.