Nonato Guedes
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) pronunciou-se, ontem, numa transmissão ao vivo no Facebook, sobre os acontecimentos que o envolveram nos últimos dias, considerando arbitrária a sua prisão preventiva na sétima fase da Operação Calvário, que apura desvio de verbas nas áreas da Saúde e Educação do Estado e o pagamento de propinas a agentes públicos por organizações sociais contratadas para gestão pactuada. Pessoalmente, Coutinho considerou-se vítima de uma “caçada violenta” sem que tivesse o direito de apresentar defesa ante acusações formuladas contra ele. Insinuou, também, que as gravações feitas pelo empresário Daniel Gomes, ex-presidente da Cruz Vermelha Brasileira, do Rio Grande do Sul, teriam sido editadas.
Ricardo, que ganhou a liberdade graças a um liminar concedida pelo ministro Napoleão Maia, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), apelou à Paraíba para que, antes de julgá-lo, procure conhecer detalhadamente os fatos que têm sido veiculados, prevenindo que, hoje, na internet, todo mundo é juiz e que é preciso ter muito cuidado com isso. “Não tenho problema em ser investigado, mas eu defendo o Estado de Direito, não apenas para mim, mas para todo o mundo”, frisou. Na live, em que se fez acompanhar pelo professor e cientista político Flávio Lúcio, o socialista comparou a sua prisão a outras que estão se sucedendo no país, revestidas, a seu ver, de completa arbitrariedade.
– Não é possível – ponderou Ricardo – que prisão preventiva se torne método de interrogatório. Se houvesse alguma prova concreta contra a minha pessoa, aí, sim, poderia se iniciar o processo permitindo o contraditório e, se houvesse provas, condenar. Mas no Brasil estão criando uma espécie que está acima de todas as outras, que é prender uma pessoa sem nenhuma prova. Prendem por delação.
O ex-governador avalia que o ministro Napoleão Maia, do STJ, desmontou com nove páginas, na concessão do seu habeas corpus, um arrazoado de 209 páginas (referindo-se ao relatório do desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba, que o incriminou). Entende que houve precipitação e ausência de contemporaneidade no ato de sua prisão, justificando que não era mais governador nem tinha relação com o atual governador, João Azevêdo (de cuja campanha, em 2018, participou). “Nós rompemos”, assegurou Coutinho, observando que, diante disso, ficou evidente que “se forçou a barra” contra ele para ocasionar a sua prisão. Enfim, ele reiterou que é absurda a insinuação de que pretendia controlar os poderes no Estado. “Nunca houve isso, e os fatos demonstram assim”, concluiu.