Kubitschek Pinheiro
kubipinheiro@yahoo.com.br
O jornalista Sílvio Osias disse-me ao telefone que Nonato Guedes é o melhor profissional do nosso tempo. Eu entendi nosso tempo, um tempo em que estamos juntos e seguiremos. Nonato é a marca dos Guedes, sertanejo que nem eu, parido em Cajazeiras, terra do padre Rolim, cidade que dizem, ensinou a Paraíba a ler. Nonato está entre os que sabem ler e escrever.
Fui visitá-lo no Memorial São Francisco, na companhia de doutor Ítalo Kumamoto, seu amigo. Jovem demais, Nonato Guedes está hóspede do hospital. Está ali para consertar as cordas do coração e já, já estará em casa escrevendo, que ele não vive sem escrever. Eu também não.
Nonato não tem dimensão da organização do seu texto, seja político ou sobre a cidade, seus homens ou nômades. Seu texto molda os personagens como barro, mas moldam também as cabeças e o espírito voraz dos seus leitores.
Desde a primeira vez que li seu texto, numa coluna de frente do Correio da Paraíba, no final da década de 70, vi ali alguém a me conduzir como leitor e aprendiz para uma profissão que nunca tem fim. Quem ama Nonato Guedes ama a literatura que ele produz e protagoniza. Não há temas derrotados, talvez, personagens. Estamos do lado de quem, quando estamos perto de Nonato Guedes? Da civilização.
Lá no apartamento provisório do Memorial, Nonato está com Bernadete, ambos possibilitados de compreender gestos amorosos de uma estrada que está na canção de Jobim e Dolores Duran – me dê a mão vamos sair pra ver o sol. Não poderia ter companhia melhor. Bernadete reúne delicadezas, confissões, relatos e anotações de um homem inquieto, doido para retomar seu trabalho, mas tudo ao seu tempo.
Sai dali olhando para uma fotografia de São Francisco na recepção do Memorial. Sai feliz de ter conversado com Nonato. Levei um livro de presente e mais tarde, já em casa, ele liga para agradecer. Eu é que agradeço a oportunidade de estar junto da família Guedes, da trinca Nonato, Lenilson e Linaldo, os rapazes talentosos de Cajazeiras, meus irmãos do sertão.
Aquele abraço!