Nonato Guedes
O deputado estadual Cabo Gilberto (PSL), que está de mudança para o “Aliança pelo Brasil”, em fase de organização com o aval direto do presidente Jair Bolsonaro, previu muito empenho com vistas a viabilizar a participação da nova legenda nas eleições municipais a prefeito este ano e revelou o desejo de que o “Aliança” possa ter candidato próprio à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV). Em entrevista ao programa “Correio Debate”, da 98 FM-João Pessoa, o parlamentar informou que serão necessárias aproximadamente três mil assinaturas para a consolidação da agremiação no Estado. Sobre as eleições a prefeito de João Pessoa, Cabo Gilberto disse que seu nome está à disposição da sigla.
Por sua vez, o deputado Moacir Rodrigues, irmão do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), também vai participar ativamente do processo eleitoral na Rainha da Borborema, onde a disputa promete ser movimentada. De acordo com declarações do parlamentar, tudo vai depender da consolidação da sigla e de apoios angariados para as eleições. O presidente Bolsonaro fundou o “Aliança pelo Brasil” em novembro do ano passado com a promessa de combater o comunismo, o globalismo e toda a ideologia que atente contra a dignidade humana e a ordem natural. Bolsonaro se propôs a ser o presidente da comissão provisória da sigla, com o filho, senador Flávio Bolsonaro (sem partido) como vice-presidente e o advogado Admar Gonzaga como secretário-geral.
Em sua coluna na revista “Veja”, Dora Kramer adverte que partidos de oposição ou neutros em relação ao governo Bolsonaro marcam passo no campo da mobilização popular ao não dar a devida atenção aos movimentos que estão sendo feitos em torno da criação da legenda “Aliança pelo Brasil”. Há quem duvide da possibilidade de Bolsonaro e aliados reunirem as assinaturas necessárias para conseguir o registro no Tribunal Superior Eleitoral até abril, em condições de concorrer às eleições de outubro na nova casa. Segundo Dora, tudo é “bobagem, perda de energia, saliva, cliques e papel”. A colunista justifica que o presidente tem opções à mão para uma emergência – ou seja, a hipótese de o “Aliança” não se constituir em tempo hábil para participar das eleições municipais.
Por esse raciocínio, nada impede aliados de Bolsonaro de apoiar candidatos em variadas legendas, cujos prefeitos eleitos poderão se transferir sem ônus para a nova agremiação, pois a regra de perda de mandato não atinge ocupantes de cargos no Executivo. “Além do mais, terão o ano praticamente todo e 5 000 e tantos municípios onde badalar o sino da nova legenda, aliando a isso as campanhas para prováveis integrantes à tropa de 2022”, acrescenta Dora Kramer. A programação é profissionalmente montada, com massificação do “mito”, revivendo cenas da campanha de Bolsonaro em 2018 e calendários de atos públicos previamente organizados, começando pelo Nordeste, que concentra 26% do eleitorado e onde, em tese, a situação é mais complicada devido à rejeição ao presidente e do apreço ao PT, especialmente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haverá mutirões para coletar assinaturas em todo o país e os primeiros grandes eventos aconteceram em Brasília e em João Pessoa. “É uma corrida contra o tempo para juntar, até o fim de fevereiro, as 491 967 assinaturas exigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral”, arremata matéria da revista “Veja”.