Nonato Guedes
O clima é de orfandade e desânimo dentro do Partido Socialista Brasileiro, seção da Paraíba, e junto a militantes de outros partidos aliados, diante da impossibilidade que vai se firmando de uma candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho a prefeito de João Pessoa este ano. Citado e envolvido na “Operação Calvário”, desencadeada pelo Ministério Público e Gaecco, Ricardo sempre foi tido como “imbatível” na Capital pelas suas origens, militância política como vereador e deputado e atuação administrativa como prefeito duas vezes, eleito em 2004 e reeleito em 2008, bem como na condição de governador por dois mandatos. Sem ele, as opções ficam mais difíceis. Até o deputado federal Gervásio Maia, fiel escudeiro do ex-governador, que chegou a ser cogitado como alternativa, está sendo descartado.
As deputadas estaduais Estelizabel Bezerra e Cida Ramos (PSB) também passaram a ficar fora de cogitação quando entraram no índex da Operação Calvário. Estelizabel foi candidata em 2012, tirada do bolso do colete do então governador, que renegou a candidatura do prefeito Luciano Agra (já falecido) à reeleição, mas não avançou nem para o segundo turno, que foi vencido por Luciano Cartaxo, à época filiado ao PT. Em 2016, foi a vez de Cida Ramos se apresentar como candidata. Sua performance, entretanto, foi sofrível, e Luciano Cartaxo conquistou com folga a recondução à prefeitura de João Pessoa.
Desde que deixou o governo e praticamente mobilizou-se para expulsar o governador João Azevêdo do PSB, Ricardo Coutinho planejou reestruturar a legenda e fortalecê-la não somente na Capital mas, também, em outros redutos estratégicos do Estado. As investigações da Operação Calvário (ele chegou a ficar preso um dia e foi submetido a audiência de custódia) atropelaram o cronograma particular de Coutinho e seus discípulos, gerando uma incógnita sobre a opção que o partido apresentará e as alianças que poderão ser viabilizadas. De antemão, o Partido dos Trabalhadores, de quem Ricardo se reaproximou estrategicamente, que apostava todas as fichas no retorno do ex-filiado, está sem perspectiva. A ideia era a de compor a chapa indicando o candidato a vice-prefeito, mas a esta altura, tudo é indefinido.
– Estamos no mato sem cachorro – resumiu um prócer petista, “em off”, ao site “Os Guedes”, desolado com a reviravolta verificada no cenário político-administrativo paraibano. A hipótese de lançamento de candidatura própria volta a ser debatida informalmente, acompanhando, inclusive, uma recomendação expressa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o Partido dos Trabalhadores tenha nomes representativos na maioria das Capitais e das cidades médias. O problema é que o PT da Paraíba se desarticulou com os problemas a nível nacional (prisão de Lula e impeachment de Dilma Rousseff) e com o próprio raquitismo experimentado pela agremiação na Paraíba, a despeito da boa performance de Luiz Couto como candidato ao Senado, superando em votos o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) mas insuficientes para assegurar-lhe a vaga.