Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (sem partido) foi taxativo ao garantir, hoje, que o antecessor Ricardo Coutinho (PSB), envolvido na “Operação Calvário”, do Ministério Público, que trata de desvio de recursos públicos, não tem interferência no atual governo. A revelação foi feita durante entrevista ao programa radiofônico “Correio Debate”, da 98 FM, comandado pelo radialista Nilvan Ferreira. “Desde janeiro de 2019, o governador sou eu”, deixou claro João Azevêdo, ressaltando que atua em equipe com seus secretários e demais auxiliares para que projetos administrativos não sofram solução de continuidade. Azevêdo reiterou, mais de uma vez, que seu foco é na gestão e foi enfático ao repetir que não há mais espaço para atuação, no Estado, de organizações sociais contratadas por Ricardo para gestão pactuada da Saúde, por exemplo. “O modelo das OS não deu certo na Paraíba”, endossou.
João Azevêdo salientou não estar preocupado com repercussão de medidas que contrariem interesses de grupos ou pessoas e advertiu que a elas recorrerá sempre que houver necessidade. Quanto aos desdobramentos da Operação Calvário, continua a entender que cabe ao Ministério Público a apuração de denúncias, assegurando-se amplo direito de defesa a quem quer que seja acusado. O governador foi categórico, também, ao confirmar que “a relação com o PSB” controlado por Ricardo Coutinho na Paraíba acabou desde o episódio da destituição do antigo diretório, presidido por Edvaldo Rosas, secretário de Governo, sem o seu conhecimento. Em termos partidários, o governador informou que estão adiantados os entendimentos com a direção da nova legenda a que se filiará, mas não revelou detalhes, prevenindo, apenas, que poderá haver surpreender a alguns com a composição de forças políticas que atrairá sob sua liderança.
De acordo com o chefe do Executivo, o esquema político que lhe é fiel, incluindo deputados estaduais e federais, além de prefeitos, terá candidatos competitivos nas eleições municipais deste ano a partir dos grandes centros como João Pessoa e Campina Grande. Inicialmente, o governador estimou que até março anunciaria a definição partidária, mas, na sequência, encurtou para dentro de 15 dias a possibilidade de decisão, que será comunicada aos órgãos de imprensa. Ele se fez acompanhar, na entrevista, pelos secretários Ronaldo Guerra e Nonato Bandeira, este, titular da Comunicação Institucional. Ante a insistência dos entrevistadores, João Azevêdo admitiu que não descuidou da articulação política e ressaltou que tem mantido contato regular com deputados sobre assuntos de interesse público.
Instado a comentar o desempenho da sua administração, ele repisou que o ano de 2019 foi extremamente difícil em virtude da conjuntura nacional com reflexos nos Estados. Frisou que devido a essa situação o governo teve que proceder a um rígido ajuste financeiro com vistas a garantir a estabilidade e o equilíbrio. Avalia que as providências que tomou foram fundamentais para que a situação não saísse de controle. Ao situar a inexistência de assinatura de qualquer novo convênio por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro, Azevêdo manifestou a expectativa de que essa postura seja revista, no interesse das demandas do povo paraibano. “Esperamos que haja mais abertura do governo federal para com novos projetos de iniciativa do nosso governo”, pontuou. Ele conta que tem se articulado com a bancada federal no sentido de que ela consiga reforçar o encaminhamento de pleitos e se disse otimista. Quanto a reivindicações de setores da Segurança Pública, que ameaçam greve se não houver concessão de reajuste, o governador informou que está plenamente aberto ao diálogo, “dentro, porém, da realidade orçamentária que o Estado vive” e apelou para o bom senso da categoria na condução da pauta de suas demandas.