O clima é de expectativa entre aliados do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e junto a líderes de outros partidos políticos diante da renovação, pelo Ministério Público, junto ao desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça, do pedido de prisão preventiva do socialista e de outros 16 denunciados na Operação Calvário, a exemplo da deputada Estelizabel Bezerra e da prefeita do Conde, Márcia Lucena, também do PSB. Também foi pedida a indisponibilidade dos bens de trinta envolvidos em escândalos de desvio de recursos da Saúde e da Educação, até o mínimo de R$ 134,2 milhões, valor saqueado dos cofres públicos.
De acordo com o Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, a empresa criminosa utilizou-se das Organizações Sociais, como a Cruz Vermelha do Brasil, para a perpetuação de um projeto de poder e com vistas à obtenção de vantagens ilícitas, através de caixa de “propina”. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Para o Gaeco, o cenário tratado ainda continua despertando preocupação por parte dos “agentes de persecução penal”, não só pela captura que esse agrupamento fez do poder público estadual mas porque seus integrantes espalharam seu modo de agir por diversos municípios paraibanos, difundindo uma bandeira que não pode permanecer hasteada: a da corrupção sistêmica no âmbito dos poderes da República. “Uma corrupção que desde o ano de 2010 vem sangrando os cofres públicos em cifras que ultrapassam a barreira do bilhão”, acrescenta. O grupo liderado pelo ex-governador teria sido pródigo, nos termos da peça acusatória, na criação de mecanismos e condutas que pudessem render aos seus componentes a apropriação de verbas públicas, praticando fraudes das mais diversas matizes, sobretudo por meio da utilização de organizações sociais e adoção massiva de métodos fraudulentos de contratação de fornecedores, seja por inexegibilidade de licitação, seja por processos licitatórios viciados, sem olvidar da aquisição superfaturada de produtos e serviços e da lavagem de dinheiro.
Os subsídios colhidos nas investigações foram colhidos em meio a delações feitas por Daniel Gomes da Silva e Leandro Nunes Azevedo, operadores da Cruz Vermelha, bem como dos ex-secretários do governo da Paraíba Ivan Burity e Livânia Farias, que firmaram acordos de colaboração já homologados pelo Tribunal de Justiça do Estado e pelo Superior Tribunal de Justiça (caso de Daniel Gomes). No pedido feito, o MPPB diz que a empresa criminosa mantinha constante vigilância do Gaeco, valendo-se de artifícios de ”arapongagem” por parte de policiais civis e militares, além do uso de milícias por parte da citada organização criminosa. Além disso, o Gaeco aponta a interferência de Ricardo Coutinho e possíveis manobras de bastidores para interferir em investigação a cargo do delegado Allan Terruel, do Combate à Corrupção, com possível repercussão em face da prefeita do Conde, sua aliada política e presa na sétima fase da Operação Calvário, a denunciada Márcia Lucena.