Kubitschek Pinheiro
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Quando eu digo adorável, é adorado mesmo. Júlio Paulo Neto, ainda não extasiado de viver, partiu no último domingo, esse dia chato, estimulante para a inércia. A morte é uma condição da vida. Estamos todos nesse barco. Assim como Pixinguinha, (Carinhoso, 1917), meu coração batia feliz, quando eu o via.
Julinho era incomparável, no sentido de ter sido o que foi e o que deixou de ser: o magistrado mais bem humorado que conheci. Ele era um incentivo, uma maneira singular de estar entre nós, que lembrava um equilibrista e, assim, aprendiz.
O prazer obtido em milhares de momentos quando encontrou a amada Berenice, os quereres de todo dia, estava estampado na cara dele. Quem ama, sabe. Os dois viajavam pelo fio da parceria, na dança da alegria e da solidão.
Não importa quanto tempo vive o homem até morrer e deixar seu nome. Sempre há a vontade de viver mais. O aprendiz Julinho teve experiências diferenciadas. Adorava o campo, a natureza. Chegou aos 80 anos. E quem chega aos 80, quer os 90, quer o centenário. Mas, não viemos para ficar. Ninguém.
Júlio estava aposentado, sua cabeça não. Parecia um iniciante e, até quando deixou a toga, sentira falta de permanecer atuando e conquistou. Voltou a ser advogado, mesmo que por pouco tempo.
Teve tempo de montar um memorial em sua casa, na beira mar do Bessa. Ali, está o Júlio e seus projetos realizados.
Ele e Berenice eram dois apaixonados, cujas sensações não precisavam transbordar aos olhos do mundo. É sobre esse momento, essa união, esse amor, um acariciando a palma da mão do outro, quando nunca morremos.
Eu gostava dele e ele de mim. Concedeu ao K a última entrevista, para a Revista Consenso. No dia da sua posse como presidente do TJPB, fiz um texto com esse titulo: “J no TJ”. No mesmo dia, à noite, ele ligou para agradecer.
Obrigado você, Julinho… por ter existido!