Nonato Guedes
Entre junho de 2016 e dezembro de 2017, o ex-deputado federal Leonardo Melo Gadelha, brasiliense mas com origens familiares na Paraíba, filho do ex-senador Marcondes Gadelha, ascendeu à presidência nacional do INSS, Instituto Nacional de Seguro Social – tal como, ontem, foi anunciada a escolha do paraibano Leonardo Rolim, irmão da jornalista Lena Guimarães (in memoriam) para o posto no governo do presidente Jair Bolsonaro. Leonardo Gadelha sucedeu Elisete Berchior da Silva Iwai e foi substituído por Francisco Paulo Soares Lopes. Deixou o cargo alegando projetos políticos, já que cogitava candidatar-se à Câmara Federal no ano seguinte. O presidente Michel Temer (MDB) havia recomendado que auxiliares seus com pretensões políticas entregassem os cargos para facilitar a dinâmica administrativa.
O ato de exoneração de Leonardo Gadelha, cujo currículo registra formação superior em Gestão financeira pela Fundação Getúlio Vargas e graduação em Economia pela Universidade de Berkeley,Califórnia, foi assinado pelo então ministro-chefe da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha. Leonardo, na despedida, postou uma foto como motorista Bezerra, que o acompanhou na rotina do dia a dia do INSS, explicando que ele era a síntese dos servidores do órgão, a quem era grato pelo apoio e colaboração que angariou à frente do Instituto. “Educado, prestativo e competente, ele é a síntese do estilo dos servidores da casa”, postou Leonardo Gadelha no Instagram.
O filho do ex-senador Marcondes tinha 41 anos quando se investiu na presidência nacional do INSS e sua escolha repercutiu favoravelmente entre lideranças políticas paraibanas e representantes de outros segmentos da sociedade. A trajetória política de Leonardo, apontado como sucessor do pai, teve início em 2007 como deputado estadual, pelo PSC, eleito em 2006. Em 2011, ficou na suplência como deputado federal. Em 2014, Leonardo foi candidato a vice-presidente da República na chapa liderada pelo Pastor Everaldo, presidente nacional da legenda. Marcondes foi deputado federal militando, inicialmente, no MDB em pleno regime militar, quando integrou o chamado “grupo autêntico”, que fazia oposição ao governo e denunciava em fóruns internacionais as torturas praticadas contra presos políticos no Brasil, bem como criticava o modelo econômico executado, considerado elitista e concentrador.
Marcondes chegou a se inscrever como candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo apresentador de televisão Sílvio Santos na eleição de 1989, que foi vencida em segundo turno por Fernando Collor de Melo, num confronto com Luiz Inácio Lula da Silva. A chapa Sílvio Santos-Marcondes Gadelha foi impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral sob a alegação de inconsistências no registro de um partido “nanico” a que o proprietário do SBT se filiara para tentar entrar no páreo. Marcondes foi, ainda, secretário de Agricultura no governo de Antônio Mariz, instalado na Paraíba em 1995. Em 1986, foi derrotado como candidato a governador do Estado pelo PFL, concorrendo contra Tarcísio Burity (PMDB), vitorioso com quase 300 mil votos de diferença. Gadelha, no exercício de mandatos parlamentares, foi expoente da linha de frente da Câmara na defesa do projeto de transposição das águas do rio São Francisco, tendo participado de atos públicos em Estados da região e polemizado com críticos da transposição, atuantes, inclusive, no clero. Atualmente, Marcondes continua presidindo o diretório estadual do PSC mas não pretende mais, teoricamente, postular mandatos.