Nonato Guedes
O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo Pires de Sá (PV) entrou na fase de contagem regressiva para concluir seu segundo mandato, conquistado em primeiro turno no pleito de 2016. Depois de ter sido vereador, deputado estadual, vice-governador do Estado e prefeito da Capital, o futuro político de Cartaxo, natural de Sousa, no Sertão paraibano, e formado em Farmácia pela Universidade Federal da Paraíba, é uma incógnita para aliados e adversários. Em 2018, Cartaxo – nascido em 1964 – abriu mão da candidatura a governador, preferindo permanecer à frente da prefeitura e lançando em seu lugar o irmão gêmeo Lucélio, que ficou em segundo lugar, abaixo do candidato eleito, João Azevêdo, do PSB.
Também é uma incógnita a definição do atual alcaide sobre o candidato ou candidata de sua preferência à sua sucessão. A única pista que ele tem fornecido à imprensa é que pretende apoiar postulante identificado com o projeto administrativo que vem executando e que tenha condições de dar continuidade plena a metas e obras. No entorno do prefeito, junto ao seu corpo de auxiliares, movimentam-se vários pré-candidatos e sabe-se que já há discussões informais sobre a atuação da máquina da prefeitura numa campanha regida por normas rígidas da legislação eleitoral e pela vigilância dos adversários políticos, preocupados com o favorecimento ao candidato oficial.
Casado com Maísa, que tem realizado um programa de repercussão na área de valorização do artesanato e outras iniciativas focadas no atendimento a comunidades carentes, Luciano tem como vice-prefeito o ex-deputado federal Manoel Júnior, do Solidariedade, que corteja um apoio dele a uma virtual candidatura à sua sucessão, a despeito de Cartaxo ter sido reiteradamente enfático no mantra de que o ungido deve sair dos quadros do PV. O Partido Verde é o terceiro partido em que Cartaxo milita. Ele começou no Partido dos Trabalhadores, onde esteve filiado por cerca de vinte anos. Em 2015, no rastro dos escândalos do mensalão envolvendo figuras de proa do PT no cenário nacional, resolveu migrar com seu grupo para o PSD, então presidido por Rômulo Gouveia, já falecido, que foi vice-governador do Estado e presidente da Assembleia Legislativa.
Acabou optando pelo Partido Verde, cujo diretório estadual preside. Em 2006, quando filiado ao PT, Luciano foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por José Maranhão (MDB), que ficou em segundo lugar na contagem final, vencida pelo ex-senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, que tinha como vice José Lacerda Neto, ex-PFL. Em 2009, a chapa Cássio-Lacerda foi cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral acolhendo denúncias de conduta vedada e suposta improbidade administrativa, e Maranhão e Cartaxo foram chamados para preencher o vácuo de poder local. Em 2010, tomaram rumos diferentes: Maranhão candidatou-se à reeleição ao governo e foi derrotado por Ricardo Coutinho, enquanto Luciano elegia-se deputado estadual. A gestão como prefeito tem sido aprovada por segmentos expressivos da população pessoense, mas Luciano deixa inconclusos projetos ambiciosos que chegou a alardear e sua administração estará na alça de mira dos adversários interessados em plebiscitá-lo nas urnas.
Avesso a polêmicas, Luciano Cartaxo derrotou nomes de expressão como Cícero Lucena (PSDB), que tentou voltar à prefeitura de João Pessoa – para a qual se elegeu duas vezes, mas capitulou ante o prestígio do representante do “clã” sousense. Aliou-se ao senador Cássio Cunha Lima, do PSDB como parte da estratégia para dar combater o esquema e a liderança do ex-governador Ricardo Coutinho. Junto a secretários e outros auxiliares da administração, é grande o clima de ansiedade quanto à decisão final que o prefeito tomará sobre o candidato incumbido de sucedê-lo e levar adiante o projeto deflagrado a partir de 2013 na Capital da Paraíba.