A governadora Fátima Bezerra (PT), que é natural da Paraíba, anunciou, ontem, através de redes sociais, que o Rio Grande do Norte vai sediar a quinta edição da Marcha Mundial das Mulheres em 2020. Bezerra, hoje, é a única mulher a governar um Estado brasileiro. Promovida a cada cinco anos, a manifestação vai acontecer entre os dias 28 e 31 de maio e pretende reunir duas mil mulheres de todo o mundo. Fátima considerou a marcha como “um momento muito importante, principalmente nesses tempos que estamos vivendo, de tantos retrocessos”.
Ela disse que a marcha terá como objetivo cada vez mais ecoar o grito de resistência das mulheres. “Nós não cessaremos de marchar. Nós seguiremos em marcha até que sejamos livres”, discursou a governadora, repetindo o lema do movimento. Fátima Bezerra disse ainda: “Nós vamos transformar o Rio Grande do Norte em um território livre, da luta das mulheres em nível nacional e internacional”. A pauta de reivindicações das mulheres ganhou amplitude no Brasil a partir da instalação do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acusado de tomar medidas que sinalizariam ruptura de avanços institucionais e sociais conquistados nos últimos anos.
O ativismo político das mulheres, denominado de “resistência”, se manifesta através de entidades e organizações de representação feminina e feminista, com o engajamento em manifestações de rua ou na promoção de congressos, seminários e variados fóruns de discussão da conjuntura e do papel das mulheres no atual contexto nacional. O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), via Câmara dos Deputados, tem sido denunciado, até no plano internacional, como um golpe contra as liberdades democráticas no Brasil. Embora Bolsonaro tenha sido eleito pelo voto direto, em pleito cuja lisura não foi contestada, o presidente é criticado por não dialogar com as mulheres e até mesmo por desprezar certas demandas que são debatidas na mídia.
A luta das mulheres passa, também, pela participação crescente na atividade política, encarada como essencial para viabilizar transformações que são defendidas como bandeiras urgentes e indispensáveis com vistas a promover a melhoria das condições de vida da população. O tom que predomina nos atos públicos é de indignação e repúdio a práticas consideradas autoritárias tomadas pelo atual governo na execução das chamadas políticas públicas. A questão do agravamento dos casos de feminicídio tem constado, igualmente, da agenda dos movimentos de resistência das mulheres, diante da incidência frequente de mortes. O governo tem sido acusado de se omitir diante das estatísticas alarmantes, levada ao conhecimento, inclusive, de organismos da esfera das Nações Unidas.