Nonato Guedes
O deputado federal Ruy Carneiro (PSDB) movimenta-se para convencer a cúpula estadual a dar-lhe uma nova chance de ser candidato a prefeito de João Pessoa nas eleições de outubro deste ano. O parlamentar, que preside o diretório municipal tucano, foi candidato da legenda à prefeitura pessoense em 2004, disputando com outros quatro postulantes – Ricardo Coutinho (PSB), Avenzoar Arruda (PT), Lourdes Sarmento (PCO) e Antônio Radical (PSTU). O pleito foi polarizado entre Ruy e Ricardo, mas este levou a melhor, vencendo em primeiro turno com uma diferença de 112 mil, 541 votos. O vice do eleito era o deputado Manoel Júnior, então filiado ao PMDB, que logo rompeu com Ricardo e candidatou-se a deputado federal em 2006, sendo vitorioso.
Atualmente, Manoel Júnior, que é novamente vice-prefeito de João Pessoa, na gestão de Luciano Cartaxo (PV), está filiado ao Solidariedade e luta para sensibilizar o esquema de Cartaxo a apoiar sua pretensão. Coutinho sucedeu na prefeitura a Cícero Lucena (PSDB), eleito em 1996 e reeleito em 2000, tendo tido dois vices – Reginaldo Tavares (então PFL) e Haroldo Lucena (ex-PMDB). Ruy Carneiro foi candidato por uma megacoligação que aglutinou cerca de treze legendas. O ex-PFL, atual Democratas (DEM) coligou-se com o PSDB e indicou Ângela Morais, mulher do ex-senador Efraim Morais, como candidata a vice-prefeita.
Ruy havia se credenciado como postulante dentro do PSDB em função da trajetória política ascendente que vinha experimentando – saltando de dois mandatos de vereador, em 1993 e 1999 para a deputação estadual e para a Chefia da Casa Civil na administração municipal de Cícero Lucena. À frente desse cargo, Ruy Carneiro ganhou repercussão com o projeto denominado “Se eu fosse Prefeito”, uma estratégia montada com vistas a tentar massificar o seu nome e suposta identificação com cargo executivo. Com carta-branca do prefeito Cícero Lucena, Carneiro foi uma espécie de “primeiro-ministro” das gestões tucanas na Capital paraibana, coordenando ações administrativas de impacto, especialmente junto a comunidades mais carentes de João Pessoa. Atuou em sincronia com a primeira-dama Lauremília Lucena, que depois foi vice-governadora de Cássio Cunha Lima no primeiro mandato deste, conquistado em 2002.
A estratégia de Ruy e do PSDB foi atropelada pelo “fenômeno” Ricardo Coutinho, que havia deixado os quadros do Partido dos Trabalhadores para viabilizar sua candidatura a prefeito de João Pessoa, tendo encontrado guarida no PSB. Ricardo foi beneficiado pelo “fator dissidência” que, conforme o historiador José Octávio de Arruda Melo, de tempos em tempos decide eleições na Paraíba. Mas também capitalizou a sua identidade com João Pessoa, a partir de militância na Universidade Federal da Paraíba e de bem sucedida articulação com movimentos sociais. A conquista da prefeitura pessoense foi a plataforma de lançamento para consagrar Ricardo, mais tarde, como governador, por duas vezes. Ultimamente, têm surgido especulações sobre uma provável candidatura do ex-senador Cícero Lucena, novamente, a prefeito de João Pessoa. Ele próprio já descartou a hipótese em entrevistas, mas ela voltou a ser aventada. Nos meios jurídicos afirma-se que, apesar de ter sido absolvido no âmbito da “Operação Confraria”, Cícero ainda teria pendências que complicariam a sua elegibilidade, nos termos da Lei da Ficha Limpa. Ruy tem percorrido bairros da Capital, mantendo contatos e dialogando com moradores e abriu, também, canal na internet para discutir propostas relacionadas aos desafios da Capital paraibana.