Nonato Guedes
O presidente estadual do “Cidadania” na Paraíba, Ronaldo Guerra, ainda comemora a filiação do governador João Azevêdo ao partido e ressaltou que o momento, a partir de agora, será de ampliação dos quadros e da estrutura da legenda, mediante a inserção de novas lideranças, representantes de movimentos sociais e cívicos, pré-candidatos às eleições de 2020, bem como prefeitos e vereadores. O novo processo será implementado, de acordo com Guerra, sem atropelo de decisões das instâncias e do calendário dos congressos definidos pela direção nacional, “sempre com a concepção de agregar e qualificar cada vez mais o debate político e cidadão em nosso Estado e no país”, nas palavras do governador.
Interlocutores da confiança de Azevêdo definiram, ontem, que ele vive um instante promissor na realidade política estadual, aliviado depois de pressões sofridas quando do processo traumático que culminou com sua saída do PSB e rompimento com o ex-governador Ricardo Coutinho. João sentiu-se golpeado por Ricardo quando este comandou a decretação de intervenção branca, destituindo o antigo diretório regional presidido por Edivaldo Rosas, Secretário de Governo da atual gestão, sem dar-lhe ciência prévia ou qualquer justificativa. A operação teve o aval da cúpula nacional socialista, presidida por Carlos Siqueira (PE), o que desapontou Azevêdo cada vez mais, uma vez que sinalizou favorecimento a Ricardo, apesar da promessa de dialogar com as partes para tentar uma conciliação.
Um deputado da extrema confiança de João Azevêdo relata que ele sentiu que estava sendo praticamente expulso do PSB como represália por não ter permitido que o antecessor Ricardo Coutinho tentasse continuar a interferir na administração estadual, em meio a denúncias apuradas pela Operação Calvário, do Ministério Público e Gaeco sobre falcatruas na gestão pactuada de hospitais da rede pública por parte de organizações sociais como a Cruz Vermelha, contratadas por Coutinho. Azevêdo agiu rápido no sentido de descredenciar as referidas OS e, na sequência, instituir a Fundação PB Saúde para possibilitar o gerenciamento, pelo governo do Estado, dos hospitais da rede pública. Na campanha eleitoral de 2018, Azevêdo teve amplo apoio de Ricardo, e venceu no primeiro turno, mas seu círculo avalia que o governador contribuiu o=com méritos próprios para o resultado do pleito.
Inúmeros partidos formularam convites a João Azevêdo para filiação desde que ele deixou o PSB e ficou sem legenda, avaliando os acontecimentos. Um dos mais ostensivos na oferta foi o PDT, presidido no Estado pelo deputado federal Damião Feliciano, marido da vice-governadora Lígia Feliciano. A articulação contou com o pleno endosso do ex-presidenciável Ciro Gomes e Azevêdo deixou consignado o seu agradecimento pelas manifestações de apreço e solidariedade, mas condicionou decisão final ao esgotamento de consultas com os que se dispõem a acompanhá-lo. Há uma expectativa, no próprio círculo do governador, quanto às adesões de deputados federais antes filiados ao PSB ao “Cidadania”. Azevêdo elogiou a “Carta de Princípios” do Cidadania, publicada em 24 de março de 2019, que, conforme ele, representa seus ideais, e mencionou, também, o diálogo franco e aberto com o presidente nacional, Roberto Freire, focado no fortalecimento da legenda na Paraíba.