O presidente Jair Bolsonaro fez uma sequência de tuítes ontem, jogando nos governadores estaduais a responsabilidade pelo aumento do preço da gasolina no país. A postagem irritou parlamentares que são ligados a gestores e encampam suas reivindicações quer no Congresso quer junto a órgãos do governo federal, sobretudo no que diz respeito à liberação de recursos e de obras. O presidente escreveu que pela terceira vez consecutiva “baixamos os preços da gasolina e diesel nas refinarias, mas os preços não diminuem nos postos”. Ele indaga a razão da disparidade e responde, de bate-pronto: “Porque os governadores cobram em média 30% de ICMS sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor”.
De acordo com Bolsonaro, os governadores não admitem perder receita. O presidente sinalizou com a mudança da legislação para que o ICMS passe a se constituir em valor fixo por litro. Revelou que encaminhará proposta nesse sentido ao Legislativo e que lutará para a sua aprovação. O deputado federal Marcelo Ramos, do PL do Amazonas, vice-líder do partido, criticou a publicação de Bolsonaro. “Sobre a postagem do presidente em relação ao preço da gasolina: 15% do preço da gasolina compõe-se de tributos federais (CIDE, PIS e COFINS), portanto, se for verdade o desejo do presidente de baixar o preço é só ele reduzir as alíquotas dos tributos federais”, sugeriu.
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-bolsonarista, também criticou a publicação: “Olha só que curioso. Bolsonaro está cobrando algo que o governo federal deveria fazer. É fácil jogar a responsabilidade para os outros e tentar manipular a opinião pública”, tuitou. O parlamentar sugeriu que o presidente da República tem outras soluções razoáveis ao alcance e citou como exemplo que o governo pode, muito bem, reduzir a CIDE, desafogando entes federados de encargos que oneram suas receitas já sufocadas. Por outro lado, apoiadores do presidente promoveram um evento, no domingo, no Rio, para coletar assinaturas para a criação do partido Aliança pelo Brasil. Embora não estivesse presente, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, apareceu em um grande cartaz. Por meio de sua assessoria, ao comentar a utilização da sua imagem como garoto-propaganda, Moro deixou claro que não tem intenção de se filiar a nenhum partido político.