Ao inaugurar, ontem, a pedra fundamental do Colégio Militar de São Paulo, na capital paulista, o presidente Jair Bolsonaro criticou os governadores do Nordeste (com exceção do gestor do Ceará) por não terem aderido ao programa do governo federal para a implantação de cívico-militares. “A questão político-partidária não pode estar à frente da necessidade de um país”, discursou o presidente. E emendou: “Oito dos nove governadores do Nordeste não aceitaram a escola cívico-militar. Para eles, a educação vai indo muito bem, formando militantes e desinformando lamentavelmente. Aqui no Sudeste, também, tivemos dois governadores que não aceitaram – Rio de Janeiro e Espírito Santo”. Em sua maioria, os governadores do Nordeste são de partidos de esquerda.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, não deixou por menos e respondeu na sua conta no Twitter aos ataques do presidente Jair Bolsonaro. “Aqui no Maranhão não inauguramos pedra fundamental de escola. Aqui a gente inaugura escola pronta”, escreveu Dino, que tenta ganhar projeção para se candidatar a presidente da República em 2022. Flávio Dino adiantou: “Temos cerca de 1.000 obras educacionais. Centenas de escolas novas. Ou seja, enquanto uns gritam e tentam chamar atenção com confusão, estamos trabalhando com seriedade”. Flávio Dino havia anunciado, também, pelo Twitter, que o novo piso salarial para professores que trabalham 40 horas semanais nas escolas do Estado será de R$ 6.358,96. Atualmente, o piso nacional é de R$ 2.886,24.
O presidente salientou que os colégios militares são “comprovadamente de qualidade” e criticou a situação da educação que não pode ser ultrapassada por mais ninguém. “Por quê? Já estamos no último lugar”, frisou, ao comentar o resultado do Pisa, avaliação mundial da educação, feita em 2018. O presidente prometeu que seu governo vai melhorar a posição do país na próxima avaliação em 2021. O modelo de escolas cívico-militares envolve uma gestão compartilhada entre militares e civis e funcionará em formato piloto em 2020. Não há definição, até agora, de todas as unidades que farão parte do modelo neste ano, mas a meta do governo é chegar a 216 unidades até 2023. Segundo Bolsonaro, o colégio está aberto a todos e a seleção dos alunos será meritocrática. “Filhos de militares e civis, ricos e pobres, brancos, afrondescendentes e amarelos…Aqui terá espaço para todos. Eu só peço a Deus que tenha força, de modo que o critério para adentrar o Colégio Militar seja a meritocracia. Porque todos nós somos iguais, não interessa a cor da nossa pele, a religião, seja lá o que for a questão social também”, anunciou.
Entre algumas regras dos colégios cívico-militares, constam:
1) A bandeira nacional deverá ser hasteada diariamente nas escolas;
2) Para alunos do sexo feminino será permitido o uso de cabelos curtos, cujo comprimento se mantém acima da gola do uniforme, ou longos, desde que presos com penteados em trança simples ou rabo de cavalo. Quando uniformizadas, as alunas poderão usar apenas adereços (relógio, pulseira, brincos), “discretos”;
3) Parte do uniforme feminino, as saias deverão ter comprimento na altura dos joelhos;
4) Para alunos do sexo masculino só será permitido o uso de cabelos curtos, cortados “de modo a manter nítidos os contornos junto às orelhas e o pescoço” na tonalidade natural e sem adereços. O aluno ainda deverá se apresentar bem barbeado;
5) A gravação e a reprodução de aulas só poderão ser realizadas com autorização do professor.