Nonato Guedes
Os deputados Pedro Cunha Lima e Ruy Carneiro, ambos do PSDB da Paraíba, foram os únicos da bancada a votar pela manutenção do afastamento do deputado Wilson Santiago (PTB) do mandato, por estar sendo investigado na Operação Pés de Barro, da Polícia Federal, por ter supostamente se beneficiado do superfaturamento em licitação da adutora Capivara, na cidade de Uiraúna, no sertão do Estado. A deputada tucana Edna Henriques absteve-se de votar, ontem, na sessão da Câmara, que rejeitou o afastamento de Wilson decretado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, em dezembro do ano passado. Foram 233 votos favoráveis ao parecer do relator Marcelo Ramos, do PL-Amazonas. Entre os que se posicionaram contra o afastamento de Santiago, figura o deputado federal Frei Anastácio Ribeiro, do PT paraibano, que está no exercício do primeiro mandato em Brasília.
Eram necessários 257 votos a favor do afastamento e contra o parecer do relator Marcelo Ramos, que apontou orquestração midiática para desgastar a imagem do deputado Wilson Santiago. Hoje, em Brasília, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, tentou contornar a exploração provocada contra a maioria dos deputados, acusados de agir de forma corporativa. Maia deixou claro que, independente da votação em plenário, a matéria foi encaminhada à apreciação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que vai emitir posicionamento mais aprofundado a respeito. Da bancada federal paraibana ficaram, ainda, solidários com Wilson Santiago os deputados Aguinaldo Ribeiro, do PP, Efraim Filho, do Democratas, Gervásio Maia, do PSB, Damião Feliciano, do PDT, Wellington Roberto, do PL, e Hugo Motta, do Republicanos.
O advogado do deputado Wilson Santiago, Luís Henrique Machado, considerou inconstitucional a decisão tomada de forma monocrática pelo ministro Celso de Mello pelo afastamento do parlamentar e queixou-se da falta de acesso a maiores informações acerca das investigações constantes da Operação Pés de Barro, que envolveu, ainda, o prefeito da cidade de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes, preso pelas autoridades. As acusações firmadas contra o deputado versam sobre lavagem de dinheiro, fraude licitatória e formação de organização criminosa. Por ocasião da decretação do seu afastamento, o deputado deu declarações dizendo-se inocente e garantindo que estava reunindo provas para caracterizar a injustiça praticada contra ele.