O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja audiência com o papa Francisco no Vaticano está confirmada para este mês, afirmou que deseja visitar o Pontífice para agradecer pela solidariedade prestada “em um momento difícil” e pela dedicação dele “ao povo oprimido”. Lula acrescentou que deseja debater com a autoridade católica a experiência brasileira no combate à miséria. Especula-se que o ex-presidente fará uma espécie de propaganda dos programas desenvolvidos nos dois períodos em que administrou o Brasil, referentes à inclusão social.
Luiz Inácio Lula da Silva está, atualmente, em liberdade, depois de ter cumprido pena de prisão de mais de um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, acusado pela Operação Lava-Jato de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Há, pelo menos, oito processos envolvendo o ex-mandatário, versando sobre negociatas com empreiteiras e agentes políticos no exercício do poder. Lula comentou em entrevista as mudanças no mercado de trabalho brasileiro, especialmente os avanços tecnológicos que contribuem com a precarização, assim como o incentivo do presidente Jair Bolsonaro para a manutenção da informalidade.
Na opinião de Lula, gestões como a do presidente Bolsonaro “atacam diretamente os direitos trabalhistas conquistados ao longo dos anos”. E ressaltou: “Os avanços tecnológicos facilitam a vida do consumidor e do produtor, mas quem vai oferecer empregos com garantia ou emprego formal para essa gente? Passaram a ideia de que emprego formal é atraso, tem que ser tudo na informalidade”, verberou o líder petista. Disse mais: “Um companheiro que trabalha com Uber, se encontrasse um emprego digno em sua área, mudaria de emprego. Se bater o carro, não tem seguro. Não tem férias. É uma vida muito penalizada, apesar da propaganda que se faz em torno disso. Estamos jogando conquistas históricas que os trabalhadores tiveram no século 20. A troco de quê? A acumulação de riqueza dos empresários”. O presidente Bolsonaro, numa entrevista, havia debochado dos trabalhadores que estão desempregados, dizendo que no Brasil se tem muitos privilégios e, em tom irônico, disse que vai lançar o programa “minha primeira empresa” para quem reclama que não tem emprego.