Nonato Guedes
O deputado estadual Wilson Filho, do PTB-PB, chamou a atenção em Brasília pelo trabalho de “corpo a corpo” empreendido na semana com vistas a viabilizar a restauração do mandato do seu pai, o deputado federal Wilson Santiago, que havia sido suspenso por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. Por maioria expressiva em plenário, Santiago, que é presidente estadual do Partido Trabalhista, teve o mandato restabelecido, mas a decisão desgastou a Câmara perante setores da opinião pública e o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) encaminhou o caso à apreciação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
A mídia sulista acredita que no âmbito do Conselho o deputado petebista também será absolvido, levando-se em conta a praxe daquele organismo de não punir parlamentares, adotando claramente postura corporativista. Mas há quem considere uma incógnita a manifestação a ser proferida. Wilson Santiago é acusado de envolvimento no superfaturamento de obras da adutora Capivara, no município de Uiraúna, Sertão paraibano, onde tem seu principal reduto eleitoral. Ele se beneficiou com recursos a título de propina, juntamente com o prefeito da cidade, João Bosco Nonato Fernandes (PSDB), que foi flagrado em vídeo guardando dinheiro na cueca. As acusações constam da Operação “Pés de Barro”, encetada pela Polícia Federal e outros órgãos de investigação.
Conforme nota do colunista Edinho Magalhães, do “Correio da Paraíba”, que atua na cobertura das atividades legislativas em Brasília, Wilson Filho, que já foi deputado federal, esteve, na votação realizada na última quarta-feira, com cada um dos líderes com quem se relacionou durante anos em Brasília. E conseguiu cabalar votos preciosos que, a priori, restauraram o mandato de Wilson Santiago, também presente em articulações de bastidores na Capital Federal. O “lobby” deverá ser reativado junto ao colegiado do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Wilson Santiago foi deputado estadual e candidato a senador em 2010, tendo ficado em terceiro lugar na corrida. Ele assumiu o mandato titular por dez meses diante de impasse na posse do senador eleito Cássio Cunha Lima (PSDB), que teve um milhão de votos, mas cuja investidura foi denegada pelo TSE por entender que o parlamentar estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa e, portanto, impossibilitado de assumir. Cunha Lima recorreu contra o que qualificou de grave erro jurídico e venceu a batalha já próximo de completar-se um ano do pleito.
De sua parte, Wilson Filho – que em 2018 concorreu à Assembleia Legislativa como parte de estratégia doméstica – vinha tendo seu nome cogitado como opção para concorrer às eleições deste ano como candidato a prefeito de João Pessoa. Em 2016, ele foi candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Cida Ramos, do PSB, derrotada por Luciano Cartaxo, PV, que assegurou sua recondução ao Centro Administrativo Municipal. Agora, com o desgaste enfrentado pelo pai, Wilson Santiago, no rumoroso caso desvendado pela Operação Pés de Barro, há dúvidas sobre se o filho manterá a pretensão de entrar no páreo pessoense.