Nonato Guedes
De surpresa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, desembarcou hoje em João Pessoa para visitar as novas instalações da Polícia Federal e, em declarações à imprensa, enalteceu o trabalho da PF, de outras Polícias e até de guardas municipais, focado no combate à criminalidade. Sérgio Moro fez referência a Operações como a Calvário, que resultou na prisão do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), bem como a Xeque-Mate, que desbaratou esquema de corrupção de agentes públicos em Cabedelo, na Grande João Pessoa, e a Pés de Barro, que apurou superfaturamento da adutora Capivara no município de Uiraúna, com pagamento de propinas ao deputado federal Wilson Santiago (PTB) e ao prefeito daquela cidade do Sertão paraibano, João Bosco Nonato Fernandes – este flagrado em vídeo com dinheiro na cueca.
Sérgio Moro havia assumido o compromisso de vir à Paraíba em outubro do ano passado para a inauguração da nova sede da PF mas teve que cancelar a agenda devido a fatos urgentes que o prenderam na Capital Federal. Na visita, hoje, o ministro destacou como excelente o nível de integração entre corporações policiais e enalteceu investigações conduzidas pelo Gaeco, Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime, que tem atuado em estreita articulação com o Ministério Público na Paraíba. Para ele, esse tipo de trabalho conjunto tem possibilitado a redução dos índices de criminalidade no país, conforme levantamento divulgado na semana passada.
A vinda do ministro, coincidentemente, ocorreu na véspera do julgamento, pelo Superior Tribunal de Justiça, do recurso do Ministério Público da Paraíba pedindo a reconsideração do habeas-corpus deferido ao ex-governador Ricardo Coutinho, apontado pelo MP como “chefe” de uma organização criminosa especializada em desvio de recursos públicos de áreas estratégicas como Saúde e Educação no Estado. Moro não foi abordado nem fez qualquer comentário sobre essa coincidência. O ex-ministro ganhou projeção nacional e internacional com sua atuação, como juiz federal em Curitiba, Paraná, à frente da Operação Lava-Jato. Foi dele, inclusive, a iniciativa de decretar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Moro tem sido cogitado como alternativa para compor a chapa do presidente Jair Bolsonaro à reeleição em 2022 e, também, como opção para ser o próprio candidato ao Palácio do Planalto. Em outras entrevistas, ele desconversa a respeito.