Uma carta aberta foi divulgada, ontem, por governadores de 19 Estados e do Distrito Federal em que reclamam da postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de se pronunciar sobre temas da alçada estadual sem conversar com os gestores regionais. Os governadores aproveitaram o ensejo para convidar o presidente para participar do próximo fórum organizado por eles, a ser realizado no dia 14 de abril. O documento publicizado agora afirma: “Recentes declarações do presidente da República Jair Bolsonaro confrontando governadores, ora envolvendo a necessidade de reforma tributária, sem expressamente abordar o tema, mas apenas desafiando governadores a reduzir impostos vitais para a sobrevivência dos Estados, ora se antecipando a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta das polícias e dos seus governadores, não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”, pontua o documento.
A carta é mais um capítulo nos embates entre Bolsonaro e os governadores, cujo marco foi a declaração pejorativa do presidente sobre “governadores de paraíba”, seguidas da observação de que o “pior deles” seria o do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, pré-candidato à Presidência da República em 2022. A estocada de Bolsonaro sobrou, também, na época, para o governador da Paraíba, João Azevêdo, que foi eleito pelo PSB e hoje está no “Cidadania”. No final de semana, Bolsonaro indicou que a morte do ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega em uma ação policial na Bahia, no último fim de semana, pode ter sido uma queima de arquivo. Essa hipótese é defendida pelo advogado da vítima, mas a polícia baiana argumenta que o miliciano estava armado e atirou contra os agentes no cerco feito em um sítio no fim de semana passado. O miliciano teria tido ligações com o parlamentar Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
– Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? PM da Bahia. Precisa falar mais alguma coisa? – disse Bolsonaro a jornalistas em evento no Rio de Janeiro ao ter dito depois que “a imprensa está dizendo que foi queima de arquivo”. O documento dos governadores prega que é preciso observar os limites institucionais. “Equilíbrio, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de nós”, avaliou. A carta ponderou que, trabalhando juntos, será possível contribuir com a melhoria das condições de vida do povo brasileiro, com a redução das desigualdades sociais e a busca da prosperidade econômica.