Nonato Guedes
O ex-deputado estadual Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, que faleceu hoje, foi protagonista de um grave incidente ocorrido no plenário da Assembleia Legislativa, na Praça João Pessoa, na década de 1980, na condição de vítima de um disparo de revólver efetuado pelo então deputado Afrânio Bezerra. Os dois divergiram acirradamente na tribuna da Casa de Epitácio Pessoa durante sessão ordinária e, no calor das discussões, Afrânio sacou da arma e fez o disparo. Marcus Odilon ainda reagiu mordendo o nariz do adversário político, mas teve que ser levado às pressas a hospital para atendimento médico de urgência.
Filho do usineiro Flaviano Ribeiro Coutinho, Marcus Odilon, antes de ser deputado, destacou-se como prefeito da cidade de Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, por quatro mandatos. Ali implementou um estilo populista traduzido pela denominação de “Governo Povo da Silva” que conferiu à sua administração na mídia institucional. Depoimentos de habitantes de Santa Rita contemporâneos das gestões de Marcus Odilon atestam que ele governou para os pobres, desenvolvendo ações que favoreceram os mais carentes, daí o prestígio alcançado nas disputas políticas do município. Ele foi, também, prefeito do município de Juarez Távora, por duas vezes.
Marcus Odilon candidatou-se a prefeito de João Pessoa em 1985, quando foram restauradas as eleições diretas nas Capitais. Enfrentou o médico Antônio Carneiro Arnaud (PMDB), que era apoiado pelo esquema do ex-governador Wilson Braga (PDS), e foi derrotado por uma diferença estimada de dez mil votos. Marcus teve o apoio, naquela campanha, do ex-governador Tarcísio Burity, que já se mostrara dissidente no PDS e rompera com o braguismo, ingressando no PFL, de onde migrou para o PTB a pretexto de “sobreviver politicamente”. Historiador, integrante de instituições culturais renomadas da Paraíba e autor de livros, Marcus Odilon foi, ainda, candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Marcondes Gadelha (PFL) em 1986. A chapa foi derrotada por Tarcísio Burity, que havia ingressado no PMDB e teve todo o apoio do falecido senador Humberto Lucena no confronto.