O transcurso, ontem, dos 88 anos da validade do voto feminino no Brasil foi assinalado por entidades de representação das mulheres, lideranças políticas, direções partidárias e Tribunal Superior Eleitoral, que em dezembro de 2019 lançou oficialmente o site #ParticipaMulher, através da presidente, ministra Rosa Weber. As mulheres conquistaram espaços ao longo dos anos na vida pública, a exemplo da ascensão de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República em 2010 e 2014, tendo sido, também, alvo de impeachment, em 2016. Na Paraíba, pela segunda vez consecutiva, a vice-governadoria é ocupada por uma mulher, Lígia Feliciano, médica, filiada ao PDT, casada com o deputado federal Damião Feliciano, presidente do partido no Estado. Lígia foi vice de Ricardo Coutinho (PSB),que concluiu mandato em 2018 e reconduzida na chapa encabeçada por João Azevêdo (atual Cidadania). A bancada federal conta com uma representante – Edna Henrique, do PSDB, e a bancada estadual é atuante e expressiva. E Daniella Ribeiro (PP) é a primeira senadora da história da Paraíba.
O voto feminino no Brasil passou a ser assegurado em 24 de fevereiro de 1932, apenas a mulheres casadas, com autorização dos maridos e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir apenas em 1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal. Vani Braga, pelo PDS, em 1982, foi a primeira mulher eleita à Assembleia Legislativa da Paraíba, enquanto Lúcia Braga (FL-PDT) foi a primeira deputada federal, eleita em 1986. A primeira prefeita do país foi Alzira Soriano, eleita para comandar a cidade de Lajes, no Rio Grande do Norte, com 60% dos votos. Em sua administração promoveu a construção de estradas, mercados públicos municipais e a melhoria da iluminação nas ruas e logradouros. Com a revolução de 1930 perdeu o mandato por não concordar com o governo Getúlio Vargas.
A responsável pela indicação de Alzira como candidata à prefeitura de Lajes foi a advogada feminista Bertha Lutz, que representou o movimento feminista na Comissão elaboradora do anteprojeto da Constituição de 1934. Candidata, em 1933, a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, obteve a primeira suplência no pleito seguinte e assumiu o mandato de deputada na Câmara Federal em julho de 1936, em decorrência da morte do titular. Bertha Lutz teve sua atuação como parlamentar marcada pela proposta de mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor. A deputada estadual Pollyana Dutra (PSB), que fez registro das conquistas da mulher na atividade política, ressalta que ainda há espaços a serem alcançados. “É uma luta permanente, para vencer até uma questão cultural – o preconceito arraigado, durante muito tempo, contra a militância política das mulheres”, enfatizou Pollyanna.