O arcebispo metropolitano da Paraíba, dom Manoel Delson, pediu, ontem, que os fiéis evitem cumprimentos por ocasião das missas e que a comunhão não seja feita diretamente na boca, mas apenas pelas mãos. A medida foi sugerida diante da disseminação do coronavírus pelo mundo, bem como da ocorrência de um caso suspeito sob investigação no Estado. “São recomendações simples que a Arquidiocese toma durante esse período”, informou o arcebispo, acrescentando que as igrejas devem colocar álcool gel à disposição dos fiéis, para passar nas mãos e que seja evitado qualquer tipo de contágio durante esse período em que o coronavírus está chegando no Estado.
Frisou dom Delson: “A orientação é para que as pessoas tenham cuidado. Mesmo que seja um caso único e isolado, é preciso esclarecer que a situação está chegando na nossa região e precisamos nos antecipar para esclarecer e educar o povo nesse sentido”. Profissionais da Vigilância Epidemiológica da secretaria municipal de Saúde em João Pessoa estão monitorando toda a rede de assistência em saúde pública e privada na Capital, para identificar e diagnosticar de forma precoce possíveis casos de doenças infecto-contagiosas. O secretário de Saúde, Adalberto Fulgêncio, lembrou que as primeiras medidas foram adotadas há exatamente 30 dias, com a primeira etapa de treinamento das equipes de vigilância epidemiológica.
– João Pessoa é a porta de entrada de urgência e emergência para pacientes de dezenas de municípios paraibanos. As ações preventivas pretendem dar maior celeridade ao diagnóstico. Mas não há razão para alarde, estamos agindo no sentido de prevenir, segundo protocolos internacionais – enfatizou. Hoje, a secretaria de Saúde do Estado deve divulgar o resultado do exame que pode confirmar ou descartar o coronavírus em um paciente com suspeita da doença em João Pessoa. O homem, de 59 anos, está internado há quatro dias no Hospital Clementino Fraga, que é referência para atendimento aos casos suspeitos em adultos na Capital. Ele tem histórico de viagem à Itália entre os dias 14 e 23 de fevereiro. Chegou ao Brasil na segunda, 24, em um voo internacional com desembarque no Recife, Pernambuco.
O vírus e a eleição – A colunista Sony Lacerda, do “Correio da Paraíba”, informa que cenas comuns em campanha eleitoral como os abraços de candidatos e eleitores e aglomerações em torno deles, por ocasião das eleições municipais de prefeitos e vereadores este ano, podem ser afetadas pela crise do coronavírus ou covid-19. “O vírus chegado do Oriente pode fazer estragos não apenas na economia, como preveem os especialistas, mas modificar toda uma tradição no jeito de pedir votos”, afirma.
Segundo a colunista, prevenir e transmitir meios de se evitar contágio deve ser mais uma preocupação dos políticos que decidirem encarar a maratona eleitoral deste ano, “Com certeza, ninguém vai querer ser visto com uma caixa de lenço umedecido ou pote de álcool gel para limpar as mãos após cumprimentar o eleitor. Muito menos usar máscara para circular nos bairros”. Sony Lacerda diz haver uma imensa torcida para que a promessa de pesquisadores sobre uma vacina se confirme até o período das convenções partidárias. “Afinal, com campanhas de apenas 45 dias, pouco ou quase nada poderá ser feito no convencimento do eleitor. Adaptação é, cada vez mais, palavra de ordem para os políticos brasileiros”, conclui.