O desembargador Leandro dos Santos, coordenador do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça da Paraíba, conduziu, ontem, o primeiro encontro entre membros do governo e representantes de entidades classistas das Polícias Civil, Militar e Bombeiros, a fim de tentar um acordo salarial beneficiando as categorias, que sinalizam com greve nas diferentes unidades. Os debates foram suspensos e deverão prosseguir em nova reunião fixada para as 9h da próxima sexta-feira no Tribunal de Justiça, depois da análise das contrapropostas apresentadas pelas categorias até a segunda-feira.
Representantes das Polícias e dos Bombeiros deixaram claro que não aceitarão ofertas que configurem “penduricalhos” nos salários, uma vez que a reivindicação concreta é reajuste salarial. O coronel Francisco de Assis, do Clube dos Oficiais, disse que aumento “no extra” não atende à categoria, referindo-se ao adicional que complementa o vencimento pago. “O policial, hoje, além do serviço normal, trabalha de 180 a 200 horas por mês. São pessoas que estão adoecendo”, disse o militar. O secretário de Segurança do Estado, Jean Nunes, deu sua versão sobre as negociações: “As partes apresentaram suas contrapropostas e, para isso, foi designado mais um tempo, para que até a próxima sexta-feira possamos efetuar alguns estudos. A expectativa é de que consigamos avançar no diálogo”.
O desembargador Leandro dos Santos afirmou, à certa altura das discussões: “É diferente fazer uma conciliação que envolve uma parte com um nome negativado, um dano moral, em que os interesses são, eminentemente, privados. Aqui, o objeto da discussão é público e envolve a sociedade, daí a importância de juntar essas pessoas. Todos compareceram, dialogaram num alto nível de responsabilidade e respeito à ordem dos trabalhos. Tenho a convicção de estarmos próximos à conclusão”. O secretário Jean Nunes explicou que o governo ofereceu a incorporação de 30% da Bolsa Desempenho num período de 36 parcelas e mais 5% na Bolsa dos policiais ativos para julho. Houve contestação das entidades a essas ofertas. Mesmo assim, Jean Nunes avaliou que a tentativa de conciliação “é algo extraordinário, por trazer luz aos problemas colocados na mesa”.
O delegado Sterferson Gomes Nogueira Vieira, da Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia Civil da Paraíba, expôs que foi delineada em média, pelo Estado, uma repercussão financeira em torno de R$ 454 milhões e adiantou que a categoria trabalhará para apresentar uma proposta em torno desse valor, facilitando a busca do entendimento. “Nossa preocupação é com o salário do policial que sai às ruas todos os dias, arriscando sua vida, podendo ser alvejado e vir a perder 50% de sua remuneração. A questão é salarial. A iniciativa do Judiciário está possibilitando que as coisas sejam postas de forma mais clara. Pudemos explicar as divergências ocorridas e alguns caminhos para a promoção de um consenso”, finalizou.